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EXCESSO DE LUCROS :contariando prognósticos, governador Ricardo Coutinho acha que lucrou com divisões adversárias

REFLEXÃO: contariando prognósticos, governador Ricardo Coutinho acha que lucrou com divisões adversárias

Houve quem enxergasse uma dosagem de maquiavelismo por parte do governador Ricardo Coutinho na montagem da chapa Estelizabel Bezerra (PSB)-Efraim Filho  (DEM) para concorrer à sucessão municipal em João Pessoa. Embora tenha colecionado defecções no agrupamento que comanda, casos do prefeito Luciano Agra, que se desfiliou do PSB e do jornalista Nonato Bandeira, ex-secretário deComunicação, filiado ao PPS, que desistiu da postulação de ser candidato em troca da vice na chapa encabeçada pelo deputado Luciano Cartaxo, do PT, o governador manejou os    cordéis para dispor de um esquema leal e afinado. Tanto assim que obstaculou o registro da candidatura do vereador Ubiratan Pereira à reeleição, por considerá-lo desertor da sua orientação. Ubiratan havia sido um dos mais votados pela legenda socialista e, agora, luta na Justiça para garantir vaga. A legislação não permite mais a candidatura nata, ou seja, o direito automático de reeleição.      

A avaliação que se faz no círculo palaciano é que Ricardo depurou o agrupamento que lidera das pessoas pouco confiáveis, que contestaram o lançamento de Estelizabel Bezerra para substituir a Luciano Agra, no vácuo da sua renúncia à sua reeleição. O governador chegou a declarar que não há possibilidade de uma reconciliação com Agra, o que significa que a ruptura é definitiva. E quanto a Bandeira, a quem acenava com retomada do diálogo no pós-eleitoral, quando ele ainda era candidato pelo PPS, os canais foram fechados diante da sua incorporação à campanha de Luciano Cartaxo. Ricardo continua mantendo absoluta confiança no potencial de Estelizabel, insinuando que ela vai surpreender aos menos avisados. Ao mesmo tempo, contempla de camarote os problemas enfrentados por José Maranhão no PMDB. O candidato peemedebista teve que engolir a recusa do deputado Gervásio Filho em seu ser companheiro de chapa e acabou optando pelo vereador Aristávora Santos (PTB), que havia se sentido desprestigiado na composição. No PSDB, o senador Cícero Lucena enfrenta problemas ainda decorrentes da indicação do médico Ítalo Kumamoto para vice, a qual é contestada pelo presidente do diretório regional do PSC, Marcondes Gadelha. É uma questão que terá desdobramentos judiciais dentro do exíguo prazo permitido para o registro definitivo e alterações de última hora na chapa majoritária.       

Cícero foi aconselhado a examinar alternativas, como a indicação do deputado Ruy Carneiro, que vai coordenar a sua campanha, ou a tentativa de atrair o deputado Toinho do Sopão, do PTN, em caso de inviabilidade da manutenção de Kumamoto na sua chapa, devido a contestações do diretório regional com apoio da direção nacional. No PDT, o vereador Geraldo Amorim jogou a toalha por falta de apoio do dirigente estadual, deputado Damião Feliciano, que sempre foi favorável a uma aliança em torno de Estelizabel. No PT, persistem bolsões de contestação a Luciano, partidos do deputado federal Luiz Couto, do presidente do diretório municipal Antonio Barbosa e do superintendente do Sebrae, Júlio Rafael, todos partidários da composição com Estelizabel. Principal cabo eleitoral de Estelizabel, Ricardo jogará toda a sua influência para assegurar sua eleição e não tem dúvidas em afirmar que ela estará no segundo turno da corrida sucessória. Apesar do deputado Efraim Filho ter dito que não pretende se licenciar do mandato, como fez Romero Rodrigues, candidato do PSDB em Campina Grande, o “staff” do governador acredita no seu pleno engajamento na campanha, valendo-se das redes sociais e da influência junto a segmentos jovens do DEM. A oposição continua se achando favorita, por avaliar que a disputa será plebiscitária e o alvo principal será o governador, que teria se desgastado com segmentos sociais e segmentos do funcionalismo. Indiferente a essas avaliações, o governador continua dirigindo provocações a adversários e apostando fichas na vitória do projeto que idealizou para a eleição em seu primeiro mandato no Executivo estadual.

LANA CAPRINA