Desde a última quarta-feira (17/12/2025) o Senado Federal entrou em rota de colisão com o STF, movimento iniciado pelo veterano ex-presidente da Casa, senador Renan Calheiros (MDB-AL), aparentemente indignado por ter sido voto vencido na CCJ, quando foi votada a PEC da Dosimetria das Penas dos condenados pelos atos do dia 08/01/2023. Entretanto, sua reação de quebrar um “código de ética” do corporativismo institucional do próprio Parlamento – expor segredos de seus companheiros – deixou os observadores da cena política perplexos. O que estaria por trás da ira de Renan? Ele não é PT raiz. Mas, tem um filho, também senador (MDB), que carrega seu nome, Renan Filho, ministro dos Transportes. O pai terá que renovar seu mandato em 2026.
Usando a tribuna, Renan fez duras críticas ao seu colega Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado. Circulavam rumores que Lula entregaria o comando do Palácio do Planalto ao centrão. Antônio Rueda, Ciro Nogueira e Marcos Pereira aceitariam apoiá-lo, se ocupassem os principais ministérios (porteira fechada) com orçamento e poder de caneta. O de Renan Filho (Transportes) estaria entre os que seriam “engolidos”. O MDB é bem menor que o União Brasil, PP e Republicanos. Renan sabe que Lula é um “animal político”. Para permanecer no poder, só não entrega Janja.
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), sem papas na língua, revelou que o acordo foi feito com conhecimento e orientação de Alexandre de Moraes, cumprindo seu compromisso com Donald Trump, que lhe tirou as sanções da Magnitsky. O interlocutor foi Randolfe Rodrigues.
Votariam a “Dosimetria”, em troca de 20 bilhões para engordar o orçamento de 2026. A dinheirama viria do corte de incentivos fiscais, aumento nos impostos das BETS e Fintechs. Dos 20 bi, o centrão exigiu a liberação de 3 bi das emendas acumuladas e não pagas desde 2019.
Ficou tudo acertado. Porém, a outra “ala” do Planalto foi por trás e acionou o ministro Flávio Dino, que ontem suspendeu a liberação dos 3 bi. Lula, por sua vez – temendo reação dos radicais doutrinados de sua legenda – após Renan e Alessandro Vieira denunciarem o acordão, ontem (22/12/2023) se comprometeu em vetar a PEC da Dosimetria no dia 08/01/2025, data que segundo ele tentaram abolir o Estado Democrático de Direito. O veto será derrubado. O PSOL apelará para o STF, e quem controlará Gilmar Mendes, Flávio Dino; Carmem Lúcia; Zanin; Toffoli e Fachin?
O “vazamento” das conversas de Alexandre de Moraes com Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central – intercedendo em defesa do Banco Master – furo da jornalista Malu Gaspar, levou a grande mídia a despertar que o STF estava agindo como Hitler, no acordo de Munique.
Merval Pereira (Globonews) opinou pelo impeachment. William Waack (CNN) no domingo (21/12/2025) fez sua “mea-culpa”. O jornalismo tem grande culpa ou responsabilidade por tudo que está ocorrendo com o STF, já sem controle, segundo ele e seus entrevistados. Admitiu ter sido remunerado como profissional, por sua empresa, que também tinha sido paga para cobrir os “Eventos Internacionais” do STF, patrocinado e com presença de empresas que tem processos na mais alta Corte. Uma verdadeira promiscuidade. Palavras endossadas pelo Jornalista Felipe Recondo, que faz cobertura e pesquisa sobre o STF. Na opinião dos renomados professores de Direito Constitucional, Conrado Hubner Mendes e Walter Maierovitch, o controle do STF está na Lei Orgânica da Magistratura, reinterpretada no artigo que pune seus membros. O CNJ, criado como órgão de controle externo do Judiciário, foi capturado “sorrateiramente” pelo Supremo, que se posicionou acima dele (?).
O senador Alessandro Vieira descobriu que o único meio para conter o STF é a instalação de uma CPI para investigar o caso Banco Master/Alexandre de Moraes e esposa. Se forem culpados, seu afastamento é determinado pelo colegiado do Senado, em votação plenária, independente da vontade do presidente. O senador está colhendo assinaturas. Se não surgirem novos escândalos, em fevereiro irá protocolar sua instalação.
Fonte: Da Redação (Por Júnior Gurgel)