O encontro realizado na Granja Santana entre o governador João Azevêdo, o vice-governador Lucas Ribeiro e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, teve como pauta formal a cessão da Estação Ciência para a instalação do Centro Internacional de Computação Quântica da Paraíba (Ciquanta-PB), um projeto de R$ 75 milhões com recursos do Estado e do Governo Federal. Do ponto de vista institucional, um ato administrativo regular.
O peso político do encontro está no contexto. João e Cícero estão rompidos. O prefeito deixou a base governista e hoje aparece como pré-candidato ao Governo do Estado em 2026, justamente contra o projeto sucessório de João, que tem Lucas Ribeiro como nome natural. Além disso, Cícero lidera as pesquisas até agora, o que eleva ainda mais a tensão entre os campos.
Mesmo assim, o encontro ocorreu em ambiente civilizado, sem qualquer sinal público de animosidade. Bastou isso para que surgissem especulações sobre possível reaproximação e até sobre eventuais desistências de candidaturas em 2026. Mas os fatos objetivos não sustentam, neste momento, essa leitura.
Nas entrevistas concedidas ao Portal O Norte Online, reproduzidas também no Jornal de Brasília, João Azevêdo foi direto ao afastar qualquer hipótese de desistência do Senado. Disse que seu nome está colocado, que pretende disputar e que trabalha nessa construção com os aliados.
Cícero, por sua vez, adotou um discurso estratégico. Reconheceu o bom momento nas pesquisas, afirmou que só Deus e o povo podem mudar seu caminho e ressaltou que foi reeleito para quatro anos. Porém, não disse que ficará até o fim do mandato. Ao contrário, ao destacar que João Pessoa “terá dois prefeitos” e que Léo Bezerra está preparado para dar continuidade ao projeto quando ele deixar o cargo, manteve aberta, de forma clara, a possibilidade de saída em 2026. Não confirmou candidatura, mas também não a descartou.
Outro dado relevante é a presença de Lucas Ribeiro no encontro. Até aqui, não há qualquer sinal público de enfraquecimento do seu papel como candidato do governo à sucessão estadual.
O encontro, portanto, não redesenha o tabuleiro de 2026. Ele sinaliza, isso sim, que, apesar do rompimento político, ainda existe espaço para diálogo institucional quando o interesse público impõe. A disputa eleitoral segue posta. A civilidade, neste episódio, prevaleceu sobre o conflito.