Mais de trinta países enviaram nesta quinta-feira uma carta à presidência brasileira da COP30 pedindo a revisão da proposta de acordo final e a inclusão de um roteiro para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.
O diplomata André Correa do Lago, responsável pela condução da conferência que termina hoje, trabalha sob forte pressão de quase duzentas delegações reunidas em Belém desde a semana passada. O rascunho mais recente do texto, consultado pela agência France Presse, não menciona combustíveis fósseis.
Na carta, países como Colômbia, França, Reino Unido e Alemanha afirmam estar profundamente preocupados com a proposta apresentada. Eles dizem que o documento, da forma como está, não atende às condições mínimas para um resultado considerado confiável. França e Bélgica confirmaram publicamente que assinaram o pedido.
Os países reforçam que não apoiarão um acordo que não apresente um caminho claro para uma transição justa, organizada e equilibrada que leve ao fim do uso de petróleo, carvão e gás, responsáveis por grande parte do aquecimento global. O debate sobre o abandono dessas fontes voltou a ganhar força em Belém, apesar de ter sido tratado como improvável desde que surgiu pela primeira vez na COP28 em Dubai.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação de um roteiro já na abertura da COP30. O primeiro rascunho apresentado pelo Brasil listou algumas opções de abordagem, mas a ideia ainda divide profundamente os quase duzentos países presentes. Segundo um negociador ouvido pela AFP, China, Índia, Arábia Saudita, Nigéria e Rússia rejeitaram a proposta.
O cientista Johan Rockström, diretor do Instituto Postdam de Pesquisa sobre Impacto Climático e conselheiro da presidência da conferência, reforçou a urgência de um plano robusto. Ele afirmou que as emissões globais precisam começar a cair cinco por cento ao ano a partir de agora, enquanto atualmente continuam crescendo um por cento. Rockström destacou que até mesmo as propostas consideradas mais ambiciosas na COP30 reduzem as emissões no ritmo de cinco por cento ao longo de dez anos, o que considera dez vezes mais lento do que o necessário.
Os cientistas defendem que a adoção de um roteiro consistente é o mínimo indispensável para evitar riscos graves para bilhões de pessoas. Eles também afirmam que qualquer plano precisa incluir financiamento adequado para que países emergentes e em desenvolvimento possam abandonar o carvão sem comprometer sua estabilidade econômica.