Provérbio bíblico: “a boca fala daquilo que teu coração está cheio”.
O governador João Azevedo, em entrevista ontem – postada no Portal MaisPB – não escondendo mágoas do prefeito Cícero Lucena, desabafou nas respostas seu constrangimento com o comportamento que ele entende inoportuno e imprevisível do “Peregrino de Compostela”, de quem esperava lealdade, fidelidade e gratidão. Em sua memória, enquanto falava, certamente olhava no retrovisor 2020. Seu empenho hercúleo para ajudar derrotar Nilvan Ferreira, no segundo turno, por uma margem apertada.
Como João Azevedo não é alquimista, não soube fazer a leitura correta dos “sinais”. Trabalhando a quatro mãos ao lado de Cícero – realizando uma excelente gestão na Capital do Estado – em 2022, amargou duas derrotas acachapantes para o jovem desconhecido Pedro Cunha Lima. No segundo turno, por mais de 80 mil votos. Pedro tinha uma vaga lembrança de João Pessoa, do Palácio da Redenção onde seu avô e seu pai estiveram como inquilino por 10 anos, e da granja Santana onde segundo João Azevedo nos debates de 2022, respondendo às críticas (gastos com feiras), lembrava a Pedro que foi lá onde ele bebeu seus primeiros mingaus, pagos pelo erário. Nos cochichos “palacianos”, culparam a falta de empenho de Cícero Lucena, dedicado exclusivamente a eleição de seu filho para a Câmara dos Deputados. João não percebeu.
A “ficha caiu” e ontem subindo o tom passou uma linha demarcando fronteiras. “Assunto encerrado, o prefeito escolheu um caminho a seguir”. Evidente que não mais ao seu lado, e sim, com novos parceiros. Ao insistir, o repórter Tiago Morais sondou se o governador ainda tinha agenda com Cícero Lucena. A resposta expôs o grau do rompimento, com danos irreparáveis alicerçado numa posição radical, incapaz de reconciliação, pelo menos em curto prazo. “Tenho não, já tive. Ele fez sua escolha”.
Quanto a Léo Bezerra (PSB), vice-prefeito, João Azevedo definiu um prazo para cobrar sua posição. “Após se efetivar a renúncia de Cícero, e ele assumir a titularidade da PMJP”. Falou demais. Deixou subentendido que se Léo assumir, ele ainda estará no governo. O prazo para João renunciar é o mesmo de Cícero. No caso, Léo procuraria Lucas Ribeiro, ou vice-versa. A lista de nomes, para escolher um candidato e chamar de “seu”, está se esgotando. Só restam agora o “resignado” deputado estadual Adriano Galdino e Lucas Ribeiro. Depois do episódio “Cícero”, João Azevedo deve ter enxergado a existência de uma conspiração para derrotá-lo, e enxotá-lo a pontapés da vida pública. Terá que selecionar e indicar o mais competitivo, de confiança, histórico de lealdade comprovada, que ao seu lado já cumpriu missão, com resultados satisfatórios.
O objetivo do Palácio da Redenção, doravante, deve ser alcançar o segundo turno e enfrentar Efraim Morais. Na direita, não existem divisões.
Efraim/Cássio/Pedro/Bruno/Queiroga/lvan/Cabo Gilberto/Pastor Sérgio Queiroz, todos falam a mesma linguagem. O Republicanos – ainda unido – se constitui na única alternativa do governador João Azevedo. O PT está nas mãos de Veneziano, Ricardo Coutinho provavelmente se fortaleça, com uma possível filiação de Cícero Lucena.
Por (Jornal online Palavra)