O subprocurador-geral Lucas Furtado solicitou que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigue movimentações financeiras ligadas ao gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O pedido, protocolado nesta segunda-feira (18), busca apurar indícios de prática de rachadinha, presença de funcionários fantasmas e acumulação indevida de cargos públicos.
Se confirmadas irregularidades, Furtado requer que os envolvidos sejam responsabilizados por atos de improbidade administrativa e desvio de recursos. A representação foi encaminhada três dias após reportagem do jornalista Tácio Lorran, do portal Metrópoles, revelar que a chefe de gabinete de Motta, Ivanadja Velloso Meira Lima, detém procurações com poderes “amplos e ilimitados” para movimentar contas e sacar salários de dez funcionários e ex-funcionários do parlamentar, em valores que superam R$ 4,1 milhões.
Ivanadja Velloso é ré em ação do Ministério Público Federal (MPF), que apura um esquema semelhante no gabinete do deputado Wilson Santiago (Republicanos-PB), aliado de Hugo Motta. Levantamento da coluna mostra que, das dez pessoas que concederam procurações desde 2011, duas ainda permanecem lotadas como secretários parlamentares no gabinete do atual presidente da Câmara.
No despacho, o subprocurador destacou que o uso de procurações para controlar salários de servidores sem transparência “compromete a integridade da gestão pública” e pode configurar enriquecimento ilícito e prejuízo ao erário. Ele também sugeriu que o TCU recomende à Câmara mecanismos mais rígidos de controle sobre a gestão de pessoal e repasses salariais.
Além da atuação do Ministério Público junto ao TCU, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi acionado. Em notícia-crime encaminhada na última sexta-feira (15), o ex-deputado federal e ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol pediu investigação sobre possíveis ilegalidades cometidas por Hugo Motta e sua chefe de gabinete.
No documento, Dallagnol solicitou a obtenção de fichas funcionais, registros de frequência, abertura de contas-salário e cópias das procurações de servidores citados, apontando que verbas públicas podem ter sido desviadas de sua finalidade legal.
Por Fonte83 –