Por Alexandre Costa
Enquanto a Ferrovia Transnordestina avança na sua reta final, com um recente aporte de recursos de R$ 1,4 bilhão e já com previsão de início das operações da primeira fase até o final deste ano, a Paraíba, em estado letárgico, amarga e não reage à perda de ter ficado literalmente fora dos trilhos da maior obra de infraestrutura ferroviária do país.
Estamos pagando o preço do descaso e da falta de compromisso da nossa representação política com obras estruturantes para o desenvolvimento do estado. Simplesmente não temos uma agenda econômica para implantação de obras estratégicas que catapultem o crescimento. Hoje, aliás, como sempre, a nossa agenda é puramente política e eleitoreira; não se fala em outra coisa que não sejam as composições de chapas para o pleito eleitoral do próximo ano. Ou seja, os compromissos com os verdadeiros interesses do estado ficam para depois: a meta é se “organizar” para ganhar as eleições.
O nível da nossa representação política, como um todo, está anos-luz abaixo da maioria dos estados brasileiros. Podemos escancarar esta constatação se fizermos uma breve análise comparativa de como atua a forte e respeitada representação política dos nossos irmãos e vizinhos pernambucanos.
O seminário Esfera Infra, realizado em Recife pelo grupo Esfera Brasil no sábado (9), o primeiro no Nordeste, reuniu ministros, governadores, deputados e jornalistas para discutir os impactos da infraestrutura no desenvolvimento nacional e regional, e comprova isso. Foi nesse evento que a representação política de Pernambuco arrancou, à força, o compromisso do governo federal de construir o trecho pernambucano de 544 km da Transnordestina entre a cidade de Salgueiro e o porto de Suape, que havia sido cancelado do projeto desde 2022.
Já no Ceará, a coesa e atuante representação política daquele estado demonstrou força quando pediu a cabeça do superintendente da SUDENE, Danilo Cabral, acusado de procrastinar liberações de investimentos no trecho cearense da Transnordestina.
Na outra ponta, nossos vizinhos potiguares saíram na frente e já têm em mãos um estudo da Fundação Dom Cabral: um projeto de reativação do trecho ferroviário Mossoró–Sousa, interligado a Cajazeiras, ao entroncamento da Transnordestina em Missão Velha, no Ceará.
Aqui na Paraíba, a pertinente e oportuna proposta da Federação das Indústrias da Paraíba (FIEP), em reativar a malha ferroviária do estado, fazendo uma interligação entre Cabedelo e Cajazeiras, chegando até o entroncamento da Transnordestina em Missão Velha, no Ceará, não sensibilizou nossa representação política nem mesmo o Governo do Estado.
O que soou como um lampejo de esperança, na verdade, tratava-se apenas de mais uma proposta a ser esquecida, mas que, com certeza, voltará a ser demagogicamente pautada na campanha eleitoral do próximo ano. Esta é a nossa míope e medíocre Paraíba.