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Acredite: Toyota Corolla não pode ser abastecido com etanol

Dono de um Toyota Corolla leva o carro na oficina da concessionária para resolver o problema do motor falhando. Quando vai buscá-lo, ouve da recepcionista:

“O reparo foi realizado e não tem conta a pagar pois está na garantia. Mas o senhor não continue abastecendo com etanol, ok?” Quando ele me contou, não quis acreditar. Usar nosso combustível verde prejudica o motor?

Saí em campo para pesquisar e descobrir que:

– essa recomendação é da fábrica para todas as concessionárias;

– o motor com injeção direta do Corolla apresenta realmente problema nas válvulas injetoras (“bicos”) com o uso do etanol.

– Não é problema de combustível como a fábrica insinua, mas por não ter preparado seu motor para o etanol, como as outras fábricas no Brasil.

Conversei com um especialista em motores que me explicou: “O problema não é do etanol, mas da Toyota, pois o bico vem da Turquia, onde também se fabrica o Corolla, mas o combustível utilizado é a gasolina. Outras fábricas no Brasil preparam o componente com um tratamento especial para conviver com o etanol. É um procedimento comum quando um motor vai ser utilizado em diversos países. Na internet, vários donos do Corolla relatam problemas semelhantes. Que a fábrica atribui ao combustível, sem explicar porque o etanol só prejudica seus motores.

Motor 2.0 do Corolla utiliza bicos de injeção direta feitos na Turquia para uso com gasolina (Foto: Toyota | Divulgação)

Então, a Toyota, que goza de reputação internacional de qualidade e durabilidade, também dá suas escorregadas, pelo menos no mercado brasileiro, por não adequar convenientemente seus motores ao nosso combustível.

Motor da Hilux também tem problema

Ao pesquisar este problema do Corolla, acabei descobrindo um outro que aflige os proprietários das picapes Toyota Hilux e dos SW4: falha e quebra da bomba de alta pressão do diesel. Exatamente os grandões queridinhos do mercado estão deixando seus donos na mão (ou à pé…) por uma falha técnica difícil de ser detectada. E a falha na bomba provoca a quebra da corrente (a revista Quatro Rodas chegou a publicar este problema), que a Toyota atribui à qualidade do diesel.

Até mesmo a poderosa Hilux tem sofrido com o funcionamento de peças como a bomba de alta pressão (Foto: Toyota | Divulgação)

O que os mecânicos dizem é que o pistão desta bomba simplesmente  para sem motivo aparente, o motor apaga e quebra a corrente. Tentamos descobrir o porquê desta falha e surgiram as primeiras explicações. O defeito ocorre no pino-guia deste pistão. Um laboratório de pesquisas metalúrgicas, acionado, comparou antigos pistões – de bombas que não se quebravam – com os mais modernos. Para descobrir uma diferença fundamental entre eles: os mais novos tinham aumentado o teor de cobalto na liga e reduzido o tratamento térmico que confere rigidez ao componente. Nos testes, a alteração no processo pode ter sido aprovada, mas, no campo…são centenas de bombas de alta pressão que apagam do nada.

Cria fama e deita na cama…

Não deixa de ser curiosa a reação do mercado diante destes defeitos. Se uma correia banhada a óleo do Onix se rompe porque o dono usou o lubrificante fora das especificações, a notícia se espalha, os vídeos viralizam e a culpada é a fábrica. Se o câmbio do tipo “Power Shift” da Ford dá problema (e aí foi culpa da montadora mesmo…) ele já passa a ser chamado de “Power Shit” e ninguém quer sequer ouvir falar de carro do oval com esta caixa de marchas.

Mas, quando se trata de uma montadora japonesa notória por sua confiabilidade, um defeito custa a vazar pois dificilmente se acredita ser uma escorregada técnica da empresa.

Procurei até no “Reclame Aqui”, fórum preferido de consumidores insatisfeitos, e não encontrei uma menção sequer aos problemas do Corolla.

A fábrica não se importa em proibir seu cliente de abastecer com o combustível limpo, de origem vegetal e renovável, numa verdadeira contramão da história.

O que confirma que, se a marca é Toyota, modelo é Corolla e carroceria do tipo SUV, brasileiro compra de olho fechado. E nem reclama mais tarde para não passar atestado de… distraído.

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