O ex-atleta Igor Eduardo Cabral, preso por agredir brutalmente sua namorada com 61 socos, denunciou ter sido vítima de agressões dentro da Cadeia Pública Dinorá Simas, em Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte. A denúncia foi confirmada pela Secretaria da Administração Penitenciária (Seap), que afirmou ter recebido relato de “violação à integridade física” praticada por policiais penais de plantão.
Em nota oficial, a Seap informou que a Coordenadoria da Administração Penitenciária e a Ouvidoria do Sistema Penitenciário se dirigiram até a unidade prisional para apurar a denúncia. Igor foi encaminhado à Delegacia de Plantão da Polícia Civil para registro do boletim de ocorrência e realização de exame de corpo de delito no Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep).
Segundo o boletim, ao qual o site Via Certa teve acesso, Igor relatou ter sido colocado sozinho em uma cela, nu e algemado, e agredido com socos, chutes e cotoveladas. Ele afirmou também que os policiais penais usaram spray de pimenta e chegaram a ameaçar envenenar sua comida. Ainda de acordo com o relato, os agentes teriam dito que ele “chegou no inferno” e entregaram um lençol, sugerindo que ele “se matasse”.
O advogado de Igor, Carlos Almeida, afirmou que não foi comunicado sobre o caso e que ainda não teve acesso ao cliente ou à denúncia. A defesa havia solicitado a transferência do ex-atleta para uma cela individual, alegando risco à sua integridade física. Antes da mudança, ele estava detido em um presídio em Parnamirim, dividindo a cela com outros seis presos.
Igor Eduardo Cabral foi preso em flagrante por tentativa de feminicídio após agredir a namorada no elevador do prédio onde moravam. As imagens das câmeras de segurança mostram o momento em que ele desfere 61 socos consecutivos contra a vítima, que cai no chão sem reação. O porteiro do edifício testemunhou a cena e acionou a polícia.
Às autoridades, o ex-atleta tentou justificar a agressão dizendo sofrer de claustrofobia. A mulher foi socorrida com ferimentos graves, incluindo fraturas em diversos ossos do rosto. Ela precisou passar por uma cirurgia de reconstrução facial.
De acordo com o cirurgião responsável pelo procedimento, Kerlison Paulino de Oliveira, os ferimentos da vítima se assemelham aos de vítimas de acidentes automobilísticos. “Num caso como esse, é difícil que não haja sequela, mas temos de acompanhar para ver quais serão as queixas. A gente vai esperar um período de 45 a 60 dias, quando saberemos se a cirurgia foi suficiente”, afirmou o médico.
O caso segue sendo investigado pelas autoridades, tanto em relação à tentativa de feminicídio quanto às denúncias de agressão dentro da unidade prisional.