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QUATRO TENENTES NA HISTÓRIA

No ultimo dia vinte e seis completou noventa e cinco anos da morte de João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, presidente da Parahyba do Norte. Por ocasião do seu assassinato na Confeitaria Gloria, no Recife, sob os tiros de João Dantas, já se conspirava, e muito, contra o governo de Washington Luiz e a implantação do que se chamou mais tarde de Revolução de Trinta. Por estas bandas, o chefe militar do movimento clandestino era Juarez Távora, o Vice-rei do Norte, que se escondeu por muito tempo nos porões de simpatizantes da causa, na Parahyba. Aqui também conjurava José Américo de Almeida que, segundo o então tenente Juracy Magalhães, “pode ser considerado o verdadeiro chefe civil da revolução”.
O tenente Juracy Magalhães chegou à Parahyba integrando a chamada “missão pacificadora” instituída com a finalidade de dar um final ao “conflito de Princesa” deflagrado em fevereiro de trinta pelo coronel José Pereira Lima, em oposição a João Pessoa. A ironia histórica se refere ao coronel Mauricio Cardoso, organizador da “missão” e comandante do vigésimo segundo Batalhão de Caçadores e, portanto, oponente de qualquer movimento revolucionário. O seu quartel, todavia, tornar-se-ia em pouco tempo o “mais revolucionário dos quarteis do Norte” onde atuaram apenas quatro conspiradores, os tenentes: Juracy Magalhães, Jurandir Mamede, Agildo Barata e Paulo Cordeiro.
Para o tenente Juracy, futuro deputado, senador, governador da Bahia, embaixador e ministro “a Revolução de 30 não foi feita pelo Exercito. Ela foi uma reação popular que contou com o apoio de três governos divergentes da oligarquia politica que dominava o país: Minas, Rio Grande do Sul e Parahyba. Foi essa divisão das forças políticas dominantes que permitiu que nós, tenentes, nos pudéssemos infiltrar e conseguir meios de obter a vitória”.
E esses tenentes, que obedeciam ao comando do capitão Juarez Távora, chegaram a comandar mais de seis mil homens, em diversas frentes, por todo o nordeste brasileiro. Juarez, acobertado pelos paraibanos, era alvo de constantes varreduras que visavam prendê-lo. O próprio Juracy conta em suas “Memorias Provisórias”, que recebeu a missão de prender Juarez Távora, que seria encontrado em Patos, PB. Foi até àquela cidade sertaneja, acompanhado, apenas, de um sargento conhecido como Tabajara. Ao chegar, mandou o homem se identificar. Tratava-se de um marítimo que disse estar no Estado, a serviço do governo de João Pessoa. Cumprida a missão, sem alcance do objetivo, o tenente foi alvo de elogios do coronel.
Os tenentes tinham a oposição de vinte e cinco legalistas, dentro do 22º BC, comandado pelo coronel Cardoso, logo recolhido a um presidio improvisado por Antenor Navarro. Demorou um pouco para que todos fossem aderindo à causa revolucionária. Isto somente aconteceu após a invasão daquele quartel com a consequente morte do general Lavanere Wanderley , seus dois ajudantes de ordens e do tenente Paulo Lobo. Passada a refrega, o coronel Mauricio Cardoso tornar-se- ia o chefe do Estado Maior de Juarez Távora no nordeste.
O então tenente Juracy Magalhães revela que, mesmo estando na Parahyba, nunca se aproximou de João Pessoa. Sabia noticias dele através de Antenor e do José Américo. Aliás, era João Pessoa que não queria essa aproximação com os tenentes: “Condenei esses rapazes- teria dito certa vez a José Américo- e, embora reconheça que são grandes patriotas, não quero contato com eles para não parecer incoerente”.
Os tenentes chegaram ao generalato. Entraram na politica, exerceram mandatos, governaram estados. Vinham da revolta do Forte de Copacabana, em 1922 e, alcançaram o golpe de 64. Daí porque, estiveram sob a mira da toga de João Pessoa no Superior Tribunal Militar. São personagens de destaque da nossa história.

 

RAMALHO LEITE

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