Quem assim o proclamou foi a professora Elizabeth Marinheiro ao introduzir na Academia de Letras de Campina Grande, o ilustre filho do cariri, Evaldo Gonçalves de Queiroz. E tinha razão. O mestre-escola José Gonçalves, radicado em Sumé, não desejava que seu filho continuasse encantado com os instrumentos da Banda de Música do maestro Antônio Josué e o fez migrar para Puxinanã, onde se destinava ao balcão da loja do tio Joaquim Limeira. Esse tio mudaria seu destino e dentro em pouco, o acólito das missas do pároco de Sumé, desembarcaria no Colégio diocesano Pio XI, “trazendo na maletinha o pendor literário, a vocação política e uma iluminada paixão pelo humano”, conclui a queridíssima imortal Betinha Marinheiro.
Largando o balcão de Puxinanã, o menino Evaldo foi auxiliar de cartório e começou a exercer a liderança a que estava destinado, na presidência do Centro Estudantal Campinense. Servidor público a vida inteira, exerceu a advocacia e foi promotor de justiça até se aposentar como procurador do Estado. De aluno a professor foi um pulo. Lecionou na Universidade Federal e na antiga Regional do Nordeste. Secretario da Educação Municipal de Campina Grande e vereador à sua Câmara. Diretor da empresa de saneamento local, secretario da administração estadual, chefe da Casa Civil e tantas outras posições onde deixou a sua marca de gestor eficiente e decente.
Entramos juntos na Assembleia em 1974. Evaldo, Manoel Gaudêncio, Chico Soares, Nilo Feitosa,Sócrates Pedro e eu, egressos de alguma posição na estrutura governada por Ernani Satyro. Evaldo era a voz do curimataú, embora não esquecesse a Serra e o seu cariri. A educação era seu principal tema. Irmanado com Felipe Thiago Gomes e as Escolas da Comunidade invadiu cidades com o ensino fundamental e técnico. Convivente das estiagens, não poderia se esquecer de lutar pelos recursos hídricos e são muitos os açudes que ajudou a construir, quer incentivando o governo a agir ou mais adiante, mandando o dinheiro para as obras. Na sua segunda gestão como presidente da Assembleia eu estava como primeiro secretário e Efraim Morais como segundo. Fomos nós que promovemos as festividades dos 150 anos do Poder Legislativo e Evaldo culminou sua alegria entregando ao maestro Severino Araújo, da Orquestra Tabajara, a Cidadania Paraibana.
Deputado federal por vários mandatos Evaldo foi o único paraibano a receber uma ordem judicial para assumir a Chefia do Executivo Estadual e não a cumprir. Era candidato à Assembleia Constituinte e, sendo cumprida a ordem sucessória, ficaria impedido de participar da feitura da nova Constituição do país. Assumiu em seu lugar o desembargador Rivando Bezerra.
Esse o Evaldo da minha convivência. Às vezes no mesmo partido, outras em campos opostos, mas sempre amigos. Quando cheguei à Câmara Federal, fui por ele recepcionado. Quando cheguei à Academia de Letras ele já estava lá. Quando foi eleito para o Instituto Histórico, eu cheguei primeiro e votei nele. Pelos caminhos que percorreu, pelo legado que nos deixou, pelo nome que construiu com honradez e fidelidade aos amigos, Evaldo Gonçalves de Queiroz merece mais do que ninguém o selo da imortalidade.