Continuo a rememorar a ascensão de filhos às cadeiras antes ocupadas por seus pais, tios, sobrinhos ou simplesmente primos no Tribunal de Justiça do Estado. É claro que nessa corrida de obstáculos, alguns entraram por antiguidade, mas sem faltar o merecimento indispensável e às vezes, imperativo. A última escolha a que tive notícia foi exclusiva por merecimento e o escolhido foi o juiz Carlos Eduardo Lisboa. O sobrenome já é familiar à Corte. Sem parentesco, porém, com o desembargador Martinho Lisboa, um ex-presidente da Casa, cujo filho, também juiz, concorreu à mesma vaga, ficando em segundo lugar.O desembargador Carlos Eduardo é filho do meu colega, Procurador do Estado Jairo Smith Lisboa, de saudosa memória.
Para não dizer que não falei de flores, foi reservada uma vaga às mulheres, exigência que se somou ao notável saber jurídico. Foi contemplada a juíza Túlia Gomes de Souza Neves, que vem a ser sobrinha do ex-presidente do Tribunal de Justiça, Evandro de Souza Neves (91/93). É filha do juiz Hamilton de Souza Neves e de Ilcléa, cuja nomeação para procuradora da Assembleia Legislativa tive a honra de subscrever, e irmã do promotor Hamilton Souza Neves e do advogado e médico Antônio de Pádua.
Lembro que na Assembleia Estadual Constituinte uma emenda que aumentava o numero de membros do Tribunal envolveu uma polemica semelhante à criação do Conselho que pretendia fiscalizar as atividades da Justiça, uma atitude de vanguarda dos constituintes e hoje realidade com o Conselho Nacional de Justiça. Ambas foram declaradas, à época, como inconstitucionais, por provocação do nosso Tribunal, se não me engano na gestão do presidente Josias Pereira do Nascimento. Desta feita, o aumento do numero de vagas no Excelso Pretório foi iniciativa do próprio colegiado.
Com a abertura de novas vagas, foi mantido o chamado quinto constitucional que contempla membros da OAB e do MP. Da lista do Ministério Público foi escolhido o procurador Francisco Seráphico da Nobrega Filho, que já chefiara o órgão com destaque. É considerado como sobrinho do desembargador Júlio Aurélio.É primo do desembargador Frederico Coutinho. Na lista da OAB, a advogada Ana Clara Lopes foi a primeira colocada. É filha da também advogada e ex-juíza do Tribunal Regional Eleitoral, Fátima Lopes, que perdeu a vida em lamentado acidente na avenida Epitácio Pessoa há alguns anos.
Já ia me esquecendo. Com justo merecimento e tempo de carreira, foi promovido a desembargador o juiz Onaldo Rocha de Queiroga. Seu pai, ex-presidente, desembargador Antônio Elias de Queiroga deixara vaga a cadeira há alguns anos. Seu irmão Antônio Hortêncio Neto é o atual Procurador Geral de Justiça.
Como exceção, ficando acima do pai, juiz Gilson Guedes Cavalcanti, chegou a desembargador o seu filho José Guedes Cavalcanti. Como se vê, por esse rápido relato histórico que ouso fazer com a permissão do historiador e memorialista do TJ, desembargador Marcos Cavalcanti, os pais geram inspiração aos filhos e estes perseguem o caminho dos pais.