Um dos momentos marcantes da minha vida foi o testemunho dado à Comissão da Verdade sobre o assassinato de Zuzu Angel. Não pelo fato em si, mas pela necessidade de comprovação do que eu dissera. Muita pressão para desmentir meu depoimento. Graças a um tremendo jornalista da Folha de São Paulo (acho que Mario Magalhães) fez-se uma reconstituição do meu relato, onde até o tempo de deslocamento do meu apartamento ao local do “acidente” foi cronometrado, sem falar na simulação por computador da trajetória do veículo. Nas edições diárias da Folha o assunto era destaque. Toda manhã eu falava com o jornalista para esclarecer algum ponto e um dia ele me informou que a última duvida havia sido esclarecida; como eu poderia ter visto a cena no escuro da madrugada? O próprio jornalista conseguira uma fotografia que mostrava a forte iluminação das lâmpadas dos postes no local. Meu relato foi confirmado e o resto faz parte da história do Brasil.
Já seria suficiente para uma vida, hem?
Só que vivi muitos, mas muitos episódios que preencheriam muitas vidas de muita gente.
Nem vou cansar vocês recapitulando minha vida de playboy no Rio de Janeiro, as muitas aventuras na minha boate Passargada quando fui o rei na noite, menos ainda contar aqui as cinco vezes que fiz o caminho de Compostela, a travessia da ilha da Pascoa…tantos caminhos que percorri.
Balas. Na companhia de minha família e da comadre Gisele Citadino fomos vítimas de um bêbado que disparou seis tiros contra nós. Em outro momento eu estava no Gulliver em companhia do jornalista Ivonaldo Correia e do empresário Manoel Gaudêncio naquele dia…vocês sabem qual. No restaurante Delgado’s fui novamente para baixo de uma mesa quando dois bêbados trocaram tiros. Tem mais, porém jurei segredo a uma pessoa.
Fui pobre de marre derci, muito mais pobre do que qualquer pobre porque havia sido o menino rico da capital. Me fiz Advogado numa batalha tremenda, ganhei pioneiramente causas incríveis, como a questão dos depósitos compulsórios do governo Sarney, a liberação das poupanças no governo Collor e os 28% do então Presidente Itamar. Consegui lançar um livro apresentado pelo Ministro Presidente do S.T.J. que veio a João Pessoa para isso, sem que eu gastasse um tostão.
Preciso registrar a Baratona, o melhor bloco de carnaval do mundo. Infelizmente terei que omitir as maravilhosas namoradas e jamais esquecer quem me ajudou.
Construí amizades verdadeiras que sei identificar. Enfim descobri o limite do suficiente que há em mim.
Vivi e fiz muita coisa mais. Neste sábado (7/12) chegarei aos 70 anos com a obrigação de agradecer a Deus pela generosidade de ter-me dado uma vida tão plena que bem poderia se espalhar pelo dobro da minha idade.