A geração Z faz menos sexo do que as anteriores; especialistas explicam como a falta de atividade sexual pode influenciar a vida
Pesquisa já mostraram que a geração Z, nascida entre 1996 e 2010, está fazendo menos sexo. Um estudo sobre gerações, o IGen, feito pela psicóloga norte-americana Jean W. Twenge, reforça que os jovens gen Z praticam menos “rala e rola” que os millennials e que seus próprios avós, quando tinham a mesma idade.
A abstinência sexual desencadeou diversos debates sobre as possíveis causas, desde distrações com as redes sociais até pressões econômicas. Em 2021, uma pesquisa sociológica conduzida pela General Social destacou que 26% dos americanos com 18 anos ou mais não faziam sexo há pelo menos um ano.
A sexóloga e terapeuta sexual Thalita Cesário aponta como a falta de sexo pode afetar outras áreas da vida. A sexualidade, ressalta, é uma parte importante do bem-estar e pode influenciar a saúde mental, emocional e até física.
“A falta de intimidade sexual pode levar a sentimentos de frustração, baixa autoestima e até depressão, em alguns casos. Além disso, afeta a qualidade dos relacionamentos, tanto românticos quanto sociais, já que a intimidade sexual é uma forma de conexão profunda entre parceiros”, exemplifica a especialista.
Thalita pondera, porém, que a necessidade de sexo varia de pessoa para pessoa. Para alguns, a falta de sexo pode ser uma escolha consciente e, desta maneira, pode não trazer tantos impactos negativos.
Desconexão emocional entre os parceiros
Na visão da expert em sexualidade, o apagão sexual ocorre por múltiplos fatores. Estresse, ansiedade, problemas de saúde mental, falta de tempo devido à rotina corrida ou até uma desconexão emocional entre os parceiros são alguns deles.
“Também pode ter relação com fatores socioculturais, como o aumento do uso de tecnologias, que diminui as interações presenciais e, consequentemente, as oportunidades para a intimidade sexual”, destaca.
Focados em outras áreas
Thalita também salienta que a geração Z, em geral, tem uma maior conscientização e valorização da saúde mental e do bem-estar emocional. “Muitos jovens estão focados em suas carreiras, educação e desenvolvimento pessoal, o que pode deixar menos tempo e energia para relacionamentos sexuais.”
Para ela, há uma maior abertura para a diversidade sexual e de relacionamentos, o que permite a exploração de outras identidades e orientações que não priorizam apenas as relações sexuais em si.
O impacto das redes sociais
A sexóloga Érika Mahya aponta que o comportamento das pessoas está mais individual, em parte pelo uso recorrente e desenfreado das redes sociais.
“Muitas pessoas dessa geração têm a pornografia como uma grande aliada tanto na forma de aprendizagem quanto para a descompressão”, comenta. “Toda essa carga de individualidade traz impactos para o campo psicoemocional, então, essa geração também sofre com a solidão.”