A irreverência marcava o estilo dos programas radiofônicos apresentados por Anacleto Reinaldo. Polêmico, abordava assuntos cotidianos da vida política e as notícias policiais da região metropolitana de João Pessoa. Não se preocupava em ser sutil na sua postura crítica, daí porque passou a ser conhecido como “o chumbo grosso”. Tinha uma forma diferente e interativa de se comunicar, usando uma linguagem escrachada que deixava os falsos moralistas escandalizados, mas que agradava o seu público. E assim fez enorme sucesso. Causava reação um tanto negativa seus posicionamentos que revelavam postura machista e homofóbica, manifestada de forma grotesca, mas encarada pelo seu público ouvinte como algo engraçado. Nos tempos atuais isso seria enfrentado como atitude preconceituosa e desrespeitosa, passível de responsabilidade judicial.
Iniciou sua vida na área de comunicação produzindo um tablóide, com circulação dirigida ao público que, mais tarde, o tornaria um fenômeno da radiofonia paraibana. Segundo Tião Gomes, esse jornalzinho era vendido na banca de Reginaldo na calçada do Parahyba Palace Hotel, no Ponto de Cem Réis. Foi, então, convidado para ler notícias policiais na Correio da Paraíba, onde começou sua trajetória como comunicador do rádio.
Daí em diante, trabalhou em várias emissoras da capital. Na antiga Tambaú FM apresentou o programa “Chumbo Grosso”. Depois esteve na Líder FM, de Santa Rita, participando de um quadro no programa Tony Show. Fez parte da programação da Sanhauá e Sucesso FM, sempre alcançando a posição de líder de audiência. Atuou também na TV Arapuan, no programa Tribuna Livre, ao lado de Nilvan Ferreira, e como apresentador dos programas Cidade em Ação e a Delegacia do Anacleto.
Em 2011 sentiu sintomas de que estaria sofrendo um AVC, quando apresentava o Cidade em Ação na Tv Arapuan. Lapsos de memória e a voz embolada denotavam o quadro do acidente vascular, que obrigou a sair do estúdio para o atendimento hospitalar de urgência no Memorial São Francisco. No dia seguinte já estava ele no programa como se nada tivesse acontecido, declarando: “Tudo foi ontem. Hoje estou aqui. Já passou!”. E começou a ler declarações recebidas de seus fãs, que se manifestavam contentes em vê-lo de volta à TV.
Profissional de língua afiada foi encontrado morto em sua residência, no bairro do Geisel, vítima de um infarto fulminante, no Dia da Liberdade de Imprensa, em 2016. Ao seu velório, realizado na funerária Rosa de Saron, em Jaguaribe, compareceu um grande número de seus admiradores, inclusive do seu amigo ex-governador Wilson Braga. A Câmara Municipal de João Pessoa aprovou por unanimidade um voto de pesar apresentado pelo vereador Sérgio da SAC, em reconhecimento ao trabalho realizado em vida na radiofonia paraibana.
Oito anos após a sua morte, continua fazendo sucesso com a divulgação de trechos de áudios e vídeos na plataforma do Tik Tok, revivendo os momentos mais marcantes de sua trajetória profissional
Rui Leitão
Eu o conheci de perto admirava seus comentários. Era uma pessoa boa, o conheci na extinta rádio FM Tambaú que funcionava na época na rua Duque de Cax
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