Pular para o conteúdo

A LUTA CONTRA A CULTURA PATRIARCAL

 

Aos poucos o Brasil está deixando de ser uma sociedade patriarcal, onde prevalece o domínio dos homens sobre as mulheres, embora o gênero masculino continue desfrutando de poder social, econômico e político, em relação ao gênero feminino. Não vemos, como antigamente, as mulheres relegadas exclusivamente aos espaços domésticos, submetidas às vontades masculinas, mas ainda são minorias em posições de poder, em quaisquer que sejam as atividades da vida social e política.

A presença da mulher nas esferas públicas enfrenta condições de desigualdade nos seus direitos e deveres, resultantes de um processo histórico desde a Antiguidade. É conveniente para a cultura patriarcal considerá-la sexo frágil, condicionando-a assumir papeis secundários na vida social.

A origem da palavra “patriarcado” está relacionada com a organização doméstica e social centrada na autoridade do homem através da figura do pai, do chefe de família, a quem sempre deveriam obediência. As limitações impostas às mulheres vêm sendo questionadas pelos movimentos feministas para gerar uma sociedade igualitária e justa.

Do ponto de vista profissional a dominação masculina é evidente. A eles são oferecidas as melhores oportunidades e os melhores salários. No cenário político brasileiro, por exemplo, ao longo da história republicana, apenas uma mulher chegou a ocupar o mais alto cargo executivo da nação. O voto feminino só foi permitido em 1932 e, ainda assim, com ressalvas: somente mulheres casadas poderiam votar, mas com autorização dos maridos.

Felizmente o patriarcado vem perdendo sua força. É tempo de extinguir a perpetuação do patriarcado em nossa sociedade, estabelecendo a equidade de gênero. O escritor francês Ivan Jablonka, em seu livro “Des Hommes Justes”, afirma: “Os homens justos ainda não existem, porque a estrutura social nos aprisiona. O patriarcado envenena a todos nós, aos homens tanto quanto às mulheres”. Ele combate, de forma enfática, a cultura machista que ainda hoje perdura em nossa sociedade.

A manifestação machista é, sem dúvidas, responsável pelos altos índices de violência doméstica, os assédios e os estupros. O machismo estrutural foi normalizado por muitos anos, fazendo com que permaneça impregnado nas falas e atitudes de muitas pessoas do mundo contemporâneo. A agressividade verbal ou violência física se manifestam no que podemos chamar de “masculinidade tóxica”, estimulada pela criação de padrões inconscientes de como os homens devem se comportar, sem que sejam classificados como “fracos”.

A luta contra o patriarcado não deve ser só das mulheres, mas também dos homens. Deve ser uma luta de toda a sociedade, reivindicando a libertação da mulher pela melhoria das condições de ser e existir nos diferentes contextos sócio-culturais.

Rui Leitão