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Pão e circo (“panem et circenses”) ( Valério Bronzeado )

 

O Tribunal de Contas da Paraíba revelou que as prefeituras que celebraram o São João gastaram mais com shows do que com saúde e educação nos municípios.

A política do pão e circo (“panem et circenses”, em Latim) era promovida por líderes romanos para manter a população fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. A frase “pão e circo” consta em sátira do humorista e poeta romano Juvenal, que viveu no ano 100 d.C. O poeta lamentava desinformação do povo romano, que vivia alienado, sem interesse por assuntos políticos. Só se preocupava com repastos e divertimentos. Uma anestesia que entorpecia o povo, ficando difícil o exercício da cidadania e da fiscalização cidadã.

O povo brasileiro vive anestesiado ao sabor de festas, novelas e futebol. A falta de cidadania degrada a democracia, diminuindo a prosperidade.

É imperativo numa democracia o dever cívico dos cidadãos de participarem da vida pública. Se alguém reúne, de alguma forma, condições para ajudar a melhorar seu bairro, sua cidade, seu estado ou seu país, tem, então, o dever cívico de se engajar em alguma atividade política. O engajamento político não é necessariamente a disputa de cargos eletivos. Basta a participação em alguma entidade civil, associação de moradores da mesma rua, do bairro, de classe ou mesmo em partido político. Assim, o cidadão terá oportunidade contribuir para o bem comum, ajudar a sua cidade e, sobretudo, estar vigilante contra o desvio de finalidade da administração pública.

“Nenhum estado brasileiro divulga dados completos sobre a identificação e repasse de emendas parlamentares e incentivos fiscais. Tal agir reduz a possibilidade de participação e informação dos cidadãos e aumenta o risco de corrupção”, disse relatório da Transparência internacional. Nunca os assuntos financeiros são mostrados às claras, com detalhes para o povo. Quem administra dinheiro dos outros tem obrigação de prestar contas. É um princípio básico, fundamental. Não se deve deixar o cidadão cego, sem condições de avaliar nem participar da aplicação dos recursos arrecadados compulsoriamente dos contribuintes.

O teatrólogo Bertold Brecht disse muito bem: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.

 

Nota : Não há transparência. Tudo é feito às escondidas. Quem administra o dinheiro dos pagadores de impostos deveria estar constantemente prestando contas.
O corrupto foge da transparência como o diabo foge da cruz.

1 comentário em “Pão e circo (“panem et circenses”) ( Valério Bronzeado )”

  1. A transparência no trato com o dinheiro do pagador de impostos tem que ser diária,
    Nós temos um aparato burocrático gigantesco, sugerindo que existe preocupações com os destinos dos nossos impostos.
    O que vai acontecer com um desvio de finalidade desse??? Nada, os gestores continuam repetindo a mesma prática…
    Sem uma legislação punitiva adequada, estaremos sempre amargurando constrangimentos dessa natureza…
    Prefeituras carentes de recursos pagando cachês milionários para cantores e conjuntos musicais em detrimento de benefícios para saúde , educação e segurança pública.

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