Se estivesse viva hoje estaria completando seu centenário de nascimento. É uma data comemorativa, mas também de muita saudade. Comemoração pelo evento. Saudade pela falta que ela nos faz.
Maze, como meu pai carinhosamente a chamava, nos deixou num setembro de 2018. Lembro-me bem desse dia triste para todos nós. Estávamos os oito filhos ao seu lado no leito da morte. Rezavamos juntos o Pai Nosso, enquanto ela subia aos céus ao encontro de Deus e do marido que teve em vida. Sua passagem para a eternidade foi serena , como sempre foi seu comportamento enquanto esteve entre nós. Parecia que estava adormecendo. Uma feição de quem sabia que estava indo para os braços dEle.
Choravamos, claro, por sua partida, mas havia algo que nos confortava, a certeza de que ela seguia o caminho do plano celestial.
O seu desenlace tem um episódio que reflito hoje como sendo providência divina. Esperou até o último instante a chegada de sua primeira neta que ainda mora no Canadá. Ela havia lhe prometido, quando de sua partida para o exterior de que voltaria a vê-la. Ao abencoa-la pronunciou suas últimas palavras.
Dona Maze, deve estar continuando a nos proteger lá de cima. Fazendo o que sempre fez em vida, zelar e cuidar de seus filhos e netos. A serenidade com que partiu foi a mesma que caracterizou seu comportamento durante os 95 anos em que esteve conosco.
A ausência física dela nos deixa triste. Mas a lembrança dos exemplos que nos deixou é alimento para seguirmos construindo nossas vidas nos espelhando na sua forma de viver.
Ela não morreu, porque as pessoas que amamos jamais morrem. Elas ficam vivas no nosso coração, nos animando a continuar o legado de honradez, dignidade e perseverança que nos deixou.
Quando estou triste ou preocupado vêm à minha lembrança as palavras de conforto e de ânimo que nos oferecia. Era uma mulher que não se abatia com as dificuldades, enfrentava todas com coragem e determinação. Nunca a vi lamentando as adversidades da vida.
Neste momento em que celebramos o seu centenário de nascimento, levantamos as mãos aos céus e agradecemos a ventura de termos tido uma mãe tão dedicada, tão companheira, tão conselheira e tão exemplar quanto ela.
Mamãe, estamos juntos nesta data, cheios de amor e gratidão por tudo o que fez por nós. Tomo a ousadia de falar por meus irmãos e irmãs, porque tenho certeza de que é a expressão de sentimentos de todos.
Rui Leitão