Pular para o conteúdo

Quando eu fiz meu propósito, contei ao universo, tendo Deus como princípio… (Carlos M. Dunga Jr.)

Minha infância foi de uma grandiosidade, na construção de um verdadeiro ser humano, que ainda hoje me recordo dos ensinamentos, cantos, recantos, verdadeiras lições que carrego comigo, até hoje.
Eu, como muitos de minha infância e adolescência, fomos traçados conhecendo o amanhecer e anoitecer dos dias. Ver a chuva e ir para casa; quando da falta e chegada de energia elétrica, gritar e festejar sua volta; parar tudo para ouvir a banda passar, tocando coisas de amor; tomar a bênção aos pais e respeitar as pessoas.
Ao deitar e no catecismo, que eu estava a fazer, havia uma canção que diz: ”Só lembro que à noite Ao pé da cama Juntava as mãozinhas e rezava apressado Mas rezava como alguém que ama…”. Dormia o mais belo dos sonhos… eu sonhei e nele os pensamentos de crescer eram o que me dominava.
Os dias se passavam e eu crescia e, ainda dentro da poesia da música, que diz ”…Depois fui crescendo Eu me lembro E fui esquecendo Nossa amizade Chegava, lá em casa, chateado e cansado De rezar não tinha nem vontade Andei duvidando Eu me lembro As coisas mais puras Que me ensinaram Perdi o costume da criança inocente Minhas mãos quase não se ajuntavam…”, vivi os piores dos dias, sem o rumo no destino que sonhei. Tropecei, caí, derramei a lágrima de minh’alma… era o despertar para nosso novo encontro, só bastava eu ter insistido em não deixar de juntar as mãos.
Era eu encontrando o mundo do corre-corre, do estresse das horas; das disputas sem mediar a necessidade da disputa; das pessoas que não se cumprimentam, que sabotam, que vivem em busca do poder, para manter o próprio poder como meta; da mesquinhez, do egocentrismo, em busca da roupa do rei nu; do passar a perna no outro, sem saber o que havia acontecido com ele; de machucar sem noção; do mundo que troca a oração e a reza pelo dia sem cor.
Era eu sem falar a mim, de mim, em função do medo que tinha em escutar a realidade por mim calada, em que me entristecia e me fortalecia, na ignorância e mentira do meu próprio eu. Eu sofria e fazia os outros sofrerem. Eu não escutava nem a mim nem aos outros.
Para parar isso tudo e trazer comigo essa consciência do hoje, navegando nesse mesmo mundo da infância, onde fui crescendo e hoje sou o avô de MC, foi necessário refazer a rota, escutar a mim, escutar os outros na essência, entender o propósito, traçar o caminho entre o alvo e a seta, abandonar o que não me acrescenta, desprezar o que não me alimenta, ignorar e não ouvir o leviano, dedicar meu tempo ao que me eleva.
E, neste momento, MC e Bia, minha filha, entram na sala e abrem o sorriso: e é isso que me faz viver, conversar com os dias, dialogar com as horas, celebrar com o universo.
Para finalizar, embora ainda possa chegar em casa chateado e cansado, sabedor de mim, junto as mãos em graças todos os dias, rezo como antigamente, de Maria eu não esqueço, sei onde quero ir, como devo ir e como devo voltar, celebrar as horas. E hoje vejo cores nos dias, vejo e sinto o olhar que fala, a fala que enaltece e Deus que me abençoa.
Gratidão e perdão, mas hoje eu vou dormir cuidando de minha neta MC, que está na minha casa, e tem os avós como companhia. Veio abençoar a noite mais pura de minha vida.
Valeu, Deus!

De um dia de Domingo
Dia14/04/24
Carlos M. Dunga Jr.