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Entrevista: jornalista Ruth Avelino – a vida, o jornalismo e a religião

 Kubitschek Pinheiro/EspaçoK

Pouca gente sabe, mas a entrevistada do Espaço K desta seguda-feira, a jornalista Ruth Avelino Cavalcanti nasceu em Ibateguara, estado de Alagoas e com 6 anos veio morar na Paraíba – nos anos de 1970, na cidade de Campina Grande. Residiu em São Paulo e em Teresina (Piauí). “Mas foi a cidade de João Pessoa que eu escolhi para viver, formar uma família e exercer atividades profissionais”, disse ela.

Ruth é formada em  Comunicação Social pela UFPB, com habilitação em Jornalismo. Atuou como professora primária no Colégio João Paulo II.

Em 1986, foi contratada pela TV Cabo Branco, pioneira no telejornalismo local, tendo feito parte do primeiro time de repórteres da emissora filiada à Rede Globo, na Paraíba.

Em 1991, assumiu a Coordenação de Divulgação da Empresa Paraibana de Turismo-PBTUR, onde permaneceu por 12 anos. Trabalhou na agência de publicidade C. Mix de Comunicação e Marketing e foi a responsável, em 1999, pela criação da Central de Rádio-Jornalismo do Sistema Correio de Comunicação. Ocupou também o cargo de editora geral da TV Correio, onde trabalhou até o final de 2004.

Em 2005, Ruth assumiu o cargo de Diretora de Divulgação e Marketing da Secretaria de Turismo de João Pessoa. Em 2009, passa a ocupar o cargo de diretora de eventos da Secretaria de Comunicação da Prefeitura da Capital.

No ano de 2011 a jornalista passou a presidir a Empresa Paraibana de Turismo – PBTUR, que cuida da divulgação, promoção e marketing do Destino Paraíba, onde permaneceu até fevereiro de 2023.

Além do jornalismo e do turismo, Ruth Avelino tem outra paixão, o Assustado, festa temática dos anos 70, 80 e 90, que promove uma vez por mês, há 23 anos.

 Ao Espaço K, ela conta parte da vida, da alegria de ser mãe de Cecília e da garra de ser mulher brasileira, cujo índice de feminicídio já chega ao gogó. Chega, né?

Espaço K – Ruth, o Avelino parece um nome próprio e é um sobrenome no masculino, né? 

Ruth Avelino – Sim! Na verdade Avelino, meu sobrenome por parte de mãe pernambucana, é um nome próprio em Portugal. Amo esse Avelino!

Espaço K – Você ficou muito como comandante do navio turístico da Paraíba. Já tinha essa identificação como jornalista? 

Ruth Avelino  Nunca tinha pensado nisso. Na verdade, entrei na PBTUR em 1991, como Assessora de Imprensa e depois fui a Coordenadora de Comunicação. Me apaixonei pelo Turismo de cara, mas nunca esteve nos meus planos ser uma das líderes do setor na Paraíba, por um tempo. Mas foi bom. Me dediquei demais, trabalhei muito com a ajuda de muita gente e foi massa! Não me arrependo. Foram 12 anos como presidente da PBTUR e acho que, dentro das possibilidades e com os recursos que me deram, fiz um trabalho com resultados para a Paraíba, claro que com a ajuda de todo Trade Turístico da do Estado.

Espaço K – Nesse período em que ficou na PBTUR, você representou a Paraíba em vários lugares no Brasil e no exterior. Nosso potencial é bem-visto lá fora?

Ruth Avelino  – A Paraíba ainda está engatinhando, quando o assunto é turismo internacional. Fizemos um trabalho razoável em países estratégicos, como Argentina, Chile, Portugal e Espanha. Avançamos um pouco, pena que enfrentamos uma pandemia que praticamente zerou o turismo internacional, retomado só em 2023. Mas posso te garantir quem conhece a Paraíba, se apaixona.   

Espaço K – Me diga uma coisa – como você decidiu que queria ser jornalista e foi para UFPB estudar Comunicação?

Ruth Avelino  – Eu fui atleta na infância e adolescência e queria fazer vestibular para Educação Física, mas um problema no joelho me tirou das quadras e me fez desistir do curso. Foi então que me veio a ideia de fazer jornalismo, pois sempre fui muito falante e extrovertida e tinha uma veia pra rádio e TV. Quando entrei no curso de Comunicação Social logo me apaixonei e ainda na faculdade, aos 22 anos, fiz o teste para TV Cabo Branco, que ia inaugurar, e passei. Fui do primeiro time de repórteres da emissora e foi uma experiência incrível. Amo minha profissão e acho que não saberia ser outra coisa.

Espaço K – Ruth passou pelos impressos da Paraíba? Chegou a ser repórter? 

Ruth Avelino  – Nunca trabalhei em impressos. Minha vida toda foi em TV, rádio e assessorias de imprensa. Mas amava as redações dos jornais, acha o astral massa e os profissionais maravilhosos.

Espaço K  –  E os Assustados? Como começou essa ideia emplacada?

Ruth Avelino  – Numa festa de aniversário, agosto de 2001, resolvi fazer um assustado só com músicas dos anos 70 e 80. Um dos convidados era o dono da boate Intoca, recém-inaugurada no entro Histórico de João Pessoa. Ele amou a festa e me chamou pra fazer o Assustado lá, uma vez por mês. Foi um sucesso e logo os donos do Zodíaco Dancing Bar me chamaram pra fazer a festa lá, E assim vem seguindo essa festa já há 23 anos. Há 16 anos faço essa festa no Clube Cabo Branco sempre nas primeiras sextas de cada mês. O público vem crescendo e se diversificando.

Espaço K –  Você sabe de alguma história de alguém que conheceu o amor da vida, num desses assustados?

Ruth Avelino  – Várias!! Muitos namoros e casamentos aconteceram no Assustado. 

Espaço K – Parece que você não é muito ligada das redes sociais…

Ruth Avelino  –Gosto, uso e acho necessário pra mim e minha profissão. Não sou viciada e às vezes nos finais de semana, me desligo totalmente das redes, principalmente agora, que não sou mais gestora pública. Mas gosto muito e sou bem atuante.

Espaço K – Eu lembro quando você começou a namorar com o dono da Lanchonete Nutritiva da feirinha de Tambaú e desse amor nasceu sua filha, Cecília. Vamos relembrar isso?

Ruth Avelino – Sim! Em 1987 comecei a namorar com Edmundo, mais conhecido como Tô, que tinha a Nutritiva, point da juventude nos anos 80, onde antes funcionava O Cabaré, uma boate de radiola de ficha que pertencia a ele. Era muito legal o lugar. Logo fomos morar juntos e rapidinho, sem nenhum planejamento, fiquei grávida de minha única filha, Cecília, o maior presente que Deus me deu. Tô ainda hoje é meu grande amigo.

Espaço K  – João Pessoa cresceu muito e quase não encontramos mais as pessoas queridas, amigos, amores e em meio a isso veio o medo, a violência – você sente isso também?

Ruth Avelino  – Sinto! Mas estou tranquila com relação a isso. A idade também nos deixa mais quieta. Mas amo sair, encontrar as amigas, tomar vinho e jogar conversa fora.

Espaço K – E o coração de Ruth, no batidão da vida, do amor? Ou deixa quieto?

Ruth Avelino  – Há 15 anos estou com Wilfredo Maldonado, que foi meu professor na UFPB, nos anos 80. Não somos casados e nem quero morar junto com mais ninguém. Não nasci pra casar. Temos uma relação madura, tranquila e respeitosa. Vamos seguindo, até quando der. Somos bem diferentes, pois ele é calmo, caseiro e avesso a agitação. Eu já sou o contrário. Assim, dá um bom equilíbrio 

Espaço K  –  Como vocês mulheres enfrentam esse noticiário cruel de tantos feminicídios?

Ruth Avelino  – Fico triste e chocada. Terrível realidade essa que vivemos. Mulheres de todas as raças, classes sociais, sofrendo todo tipo de violência. Precisamos de leis mais severas contra esses homens. 

Espaço K – Tem medo de morrer?

Ruth Avelino – Já tive de morrer, mas hoje tenho medo de sofrer.  Entrego minha vida a Deus todos os dias e peço a misericórdia Dele, para que eu tenha uma boa morte. Hoje estou mais espiritualizada e isso ajuda muito a aceitar o que tiver de ser.

Espaço K – Você faz parte do bando de ateias?

 Ruth Avelino  – Não! Hoje sou católica praticante. Amo rezar e Adorar a Deus. Mas respeito todas as religiões e também as pessoas que não tem uma. Acredito que Deus é Amor. Se você é do bem, faz o bem, tem amor nas ações e pelas pessoas, você está superbem. Amo ser o que sou agora e gosto do que sinto quando vou à missa, aos retiros e outras atividades.