Acusações e contra-acusações sobre a falta de honestidade nos inclinam a um pessimismo sempre ao pior, ao se viver, no nosso tempo de pós-modernidade, o volumoso crescimento da ganância para alimentar a “insaciável fome” de riqueza. Confunde-se com isso a falta de caráter, que nos engana sobre “quem é quem”, multiplicando-se as mesmas personalidades, o que fragmenta afirmações e contraditórios do que “(…) seja o teu falar sim, sim; não, não.” Nada justifica a desonestidade, até mesmo parecendo uma degenerescência, tão citada na política, nas politicagens e molecagens; tão usada na motivação de golpes, estopim e manutenção de situações ditatoriais. O combate à corrução e o moralismo notabilizaram-se como colunas mestras do fascismo e do nazismo. É quando o “remédio” passa a ser fatal veneno à nossa liberdade.
São coisas do pós-modernismo que iludem, como se fossem um porre de lança-perfume, com evoluídas sonhadas quimeras. Ad exemplum, nada substitui o valor humano, como cocriador, tampouco a incensada “inteligência artificial”. O que seria o espírito crítico e inventivo do caro leitor, se esvaziados para encher um robô, vazio, sem sentimentos e avaliações dos valores? Recuse-se a essa desonesta inferiorização ou a deixar de viver como pessoa humana, e também se engaje na luta contra nossa coisificação pela materialização, até levando muitas pessoas a condições de vida subumana. Negue-se a essa sofismável desonestidade, não se apouque diante do poderio do vil metal; altivo, seja honesto consigo mesmo e se some à honestidade dos outros, combatendo também a mentira social.
A coragem de ser honesto consigo mesmo é necessária, diante das multiplicadas ameaças às suas atitudes éticas de respeito ao valor moral. Isso é como o comportamento ético que se realiza, sozinho e solitário, na penumbra de uma sala cheia de baús de ouro, o que me relembra significativo conto de Voltaire, em Micromegas e Outros Contos, sobre a escolha de um ministro diante do monarca. A tentação, mesmo existindo, pode ser corajosamente vencida. Tal postura se faz significativa e fundamental para que, nos dias de hoje, pratique-se a honestidade em relação aos outros e ao coletivo Bem Comum. Agindo-se assim, ganham-se sobretudo credibilidade perante os outros e virtuosa autoconfiança a enfrentar outros desafios. Adquire-se a consciência do dever, do dever agir, atuando naquilo que se pensa, no que se projeta, ou antes de qualquer ação para que ela se realize com a eficácia do bem, na convivência cidadã. Ou seja: a autossuficiência do Bem se encontra no bem agir, na prática das melhores escolhas, durante as recorrentes circunstâncias da vida.
Enquanto aluno de Ética Geral, do Professor Joseph De Finance, sj, na PUG, muito aprendi tal assunto, que é parte da Teoria dos Valores, o que merece especial atenção de quem deseje compreender o sentimento do dever e a autoconsciência, para discernirmos deturpações que ensejam capciosas vantagens, interesses pessoais, altamente individualistas, desprezando ou diminuindo o valor de sermos honestos e honrados, o que sempre consagra nossas atividades profissionais, políticas e cidadãs, ao sabermos o que dever e o que não dever.
O ato de ser honesto tem, dentro de si, a sua própria compensação. Ele se satisfaz… Mesmo que ocorram outras consequências ao ter ou ao ser, meritórias e honrosas à nossa reputação. Porque ser honesto não é um meio utilitarista, mas uma boa vontade, decidida e corajosa, de se praticar o Bem, que em si mesmo encerra suas benéficas compensações. Ressalte-se que o mundo ainda está cheio de pessoas honestas, mas muito das desonestas têm se ocupado os meios de comunicação, o que lhes dão muito maior notabilidade.
A gratidão a Deus é a maior das honestidades, também seria contraditória honestidade a Deus e desonestidade ao próximo. Enfim, os desonestos são ingratos em relação aos outros, a Deus, e a si mesmo, nesse sentido, a honestidade consegue tecer uma rede universal de práticas virtuosas.
Gratificado pela leitura e comentário dos prezados e prezadas leitoras
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