35 anos eu e Ana Cecília (Carlos Dunga Jr)

Lembro do dia que te vi pela primeira vez… Cursávamos a 6° série, e eu perguntei quem tu eras, a uma amiga da turma. Lembro que teus olhos olharam os meus e o teu cabelo balançou bem rápido, na minha frente. Na mesma hora fui chamado por ti: quem é esse guri?… Nós temos a mesma idade, mas as meninas crescem mais e “se acham”…
Eu bem lembro o tamanho da vergonha que passei: fiquei a pensar naquele dia todo que deveria haver crescido mais um pouco, engordado… O que eu ia fazer para parecer mais experiente? No outro dia, decidi fazer uma ligação telefônica. Recebi uma resposta que ninguém imagina receber, e duvido que alguém já ouviu: um miado de um gato, depois de um beliscão – coitado do gato.
Segui no meu propósito. Era o começo de um namoro, que teve idas e vindas, e o casamento – é, este dura 35 anos.
Dona Cleonice, in memoria, de muita saudade para mim, minha sogra dizia que precisava comer uma saca de sal para saber se ia dar certo.
Acho que nesses 35 anos comi, e foram momentos que nós jamais esqueceremos, nem podemos, pois somos nós.
Cair e levantar, rir e chorar, na alegria e na tristeza, no caminhar e torcer pelo outro. No nosso combinado, desde o primeiro ano de casados, de não dormirmos brigados, de sempre nos olharmos, viajarmos juntos, ouvir tudo e somar o que nos acrescenta. Avaliar a rota, redirecionar caminhos, dizer: estamos juntos e vencemos juntos.
Ana, ainda hoje vejo teus olhos como da primeira vez e o balanço do cabelo. Sei que o guri cresceu, já tá quase um veinho, mas um veinho de coragem, fé e amor.
Como em qualquer relacionamento, não foi fácil, mas, com e por ti, eu faria tudo novamente, se preciso for. Como temos que seguir, continuo no sim e ao teu lado, até sempre.
Amor meu, minha vida… A mãe, avó, amiga, moça bonita que ainda canto. Te amo e tudo vale.

De um dia de domingo 10/12/23
Carlos Dunga Jr