Completei 69 anos esta semana e inventei de listar as coisas que me dão prazer atualmente. Mudei muito. Algumas alegrias antigas mamãe natureza cuidou de moderar, se é que vocês me entendem. Outras venho descobrindo com o tempo.
A maior das alegrias atualmente é ter a certeza de que ninguém, absolutamente ninguém, precisa mais de mim. Os que me querem ao redor gostam da minha conversa besta. Já está de bom tamanho. Excelente é poder não fazer nada cada vez mais. Alegria é dormir dez horas por dia (calma que eu explicarei a seguir).
Começo a caminhar às 4.30 da manhã com uma tropa que conversa as mesmas besteiras que eu. É que aprendi a não me levar a sério. Isso foi necessário para não levar ninguém a sério. É sério; sinto pena das autoridades que se acham os fulas de Baúma e quando perdem o poder pela ascensão de adversário ou, pior ainda, por uma aposentadoria que imaginavam jamais chegar, descem a ladeira do seu resto de vida numa velocidade que sempre aumenta ao custo de topadas nas decepções das supostas amizades que imaginavam sinceras.
Uma alegria é escrever. Já disse anteriormente que escrevo para mim. Se alguém gosta do que escrevo temos muito bom gosto. Agora mesmo estou aditando pela enésima vez o último livro que jamais publicarei, porque a cada dia surge algo novo. Chama-se “O limite do suficiente” e é o resumo do que eu considero necessário para um ser humano ser feliz sem escorregar nos perigos da ganância que superam o buraco do risco e jogam uma vida no abismo.
Alegria é acordar de madrugada, postar bobagens que sei vão fazer algumas pessoas felizes e sair para a primeira caminhada. Depois o café da manhã na padaria arrodeado de pacientes amigos que riem ou fingem achar engraçadas minhas histórias. Em seguida dormir até às 9.00. Ao acordar passo no escritório para jogar conversa fora e logo depois chego na academia. Às 11:30 faço natação e depois almoço. Então durmo até as 3:00 da tarde acordando para outra caminhada, essa bem mais forte. Durmo cedo, chegando a um total de dez horas de sono diárias muito bem sonhadas. Sou bom de cama, hem?
Como diz um amigo querido que é expert em Marcos Pires: “- Esse aí gosta tanto de dormir que morrer será a realização da sua vida”.
De alguma maneira sou um Buendía. Ao menos tive uma mãe quase Úrsula.