Transnordestina: a Paraíba fora dos trilhos
Não consegui identificar em nenhuma reunião do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste), constituído pelos nove governadores da região, uma única pauta que abordasse de forma prioritária a conclusão de uma das mais importantes obras estruturantes e estratégicas para o desenvolvimento da região: a ferrovia Transnordestina.
A construção da mais importante ferrovia do Nordeste, a Transnordestina Logística (TLSA), se arrasta ao longo de 17 anos e como a grande maioria das obras públicas do país, continua inacabada e sem data definida para sua conclusão.
Partindo, no seu traçado original, do município de Eliseu Martins, no Piauí, e com uma bifurcação estratégica em Salgueiro em Pernambuco, para os portos do Pecém no Ceará e Suape em Pernambuco, a Ferrovia Transnordestina (TLSA) nos seus 1.752 Kilometros de trilhos se transformaria numa obra emblemática para a retomada da expansão do modal ferroviário no país, sepultado desde o Plano de Metas do governo Juscelino Kubistchek, nos anos 1950.
Trata-se de um projeto ambicioso no formato de Parceria Publico-Privado (Companhia Siderúrgica Nacional-CSN e Bancos Públicos-BNDES e BNB) que já consumiu até 2018 mais de R$ 6,0 bilhões, Inclusive do Fundo de Investimento do Nordeste-FINOR, prevendo a interligação desses dois mais importantes portos nordestinos para viabilizar o escoamento do minério de ferro e gesso vindo do Piauí e no sentido inverso abastecendo o Vale da São Francisco, sul do Piauí e oeste baiano com combustíveis, veículos e fertilizantes.
Iniciada em 2006, a TLSA conta atualmente com 815 quilômetros de já trilhos implantados o que leva o seu diretor-presidente da ferrovia, Tufi Daher, arriscar uma previsão que a obra somente chegue ao Pécem, se chegar, até o fim de 2027, isso condicionado ao aporte de recursos na ordem de quase R$ 8 bilhões para conclusão da obra sendo 50% oriundos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste e outra metade da CSN e o Governo Federal.
Essa previsão de antecipação de conclusão para 2027 deu-se em virtude ao cancelamento do ramal Salgueiro-Suape onde a TLSA assinou um nebuloso termo aditivo com o governo federal saindo da obrigação de construir os 717 quilômetros do trecho pernambucano.
Pernambuco mostra força lutando para viabilizar a ferrovia para o porto de Suape ao tempo que os míopes políticos paraibanos não conseguem entender que é chegado o momento da Paraíba pensar grande e investir na formatação de um macro projeto de desenvolvimento econômico para o estado com uma visão estratégica de futuro sendo um dos eixos de desenvolvimento a implantação de um ramal da Transnordestina partindo de Missão Velha, no Ceará, passando por Cajazeiras cruzando todo o estado, de oeste a leste, até o futuro Porto de Águas Profundas de Mataraca. Enquanto nossos líderes políticos não conseguirem enxergar isso, a Paraíba vai continuar literalmente fora dos trilhos.