Janja vai presidir rede internacional de combate à desigualdade social ligada à OEI; entenda o cargo
Convite foi feito pelo secretário-geral da OEI, Mariano Jabonero, na sede da entidade em Madri
Janja durante visita a sede das Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI), Madri Cláudio Kbene/Presidência da República
A primeira-dama Janja da Silva vai presidir a Rede de Inclusão e Combate a Desigualdade, que está sendo criada para trabalhar a inclusão e o combate à desigualdade na educação, cultura e direitos humanos entre 23 países membros da Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI).
O convite foi feito pelo secretário-geral da OEI, Mariano Jabonero, na sede da entidade em Madri. Janja acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem oficial a Portugal e Espanha. Os dois chegam ao Brasil na noite desta quarta-feira, depois de seis dias de viagem.
O objetivo da rede é fomentar análises e debates por meio de estudos, seminários e trocas de experiência.
Participam do grupo, além do Brasil, os Estados de Andorra, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Guiné Equatorial, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Há ainda sete países observadores: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Luxemburgo, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
O cargo de Janja não tem remuneração, e o Brasil seguirá sendo representado pelo diretor do escritório regional da OEI, Raphael Callou.
Já na próxima semana, Janja vai participar de reunião do grupo de trabalho para implementação da rede. A ideia é que na reunião em Brasília sejam definidos os objetivos estratégicos e as primeiras ações concretas.
As pautas que serão tratadas por Janja neste grupo já são de interesse prioritário da primeira-dama no governo. Como o GLOBO mostrou, ela atua internamente como uma espécie de assessora especial de Lula, ouvindo ministérios e despachando informações para o presidente. Desde o início da gestão, a primeira-dama prioriza políticas com perfil social, como as direcionadas às mulheres e as que envolvem segurança alimentar.
Influências no governo
Além disso, Janja tem se tornado cada vez mais uma peça forte dentro do governo Lula. Ela, por exemplo, foi uma das vozes mais fortes a favor da demissão do agora ex-ministro Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), um dos membros do governo que eram mais próximos de Lula. Ela também esteve presente em reuniões estratégicas, como as ministeriais e com governadores. A primeira-dama também esteve envolvida nas negociações que fizeram o Ministério da Fazenda recuar da tributação de compras de importados na internet, decisão que deixou o governo em meio a uma turbulência por dias.
Dentro da comunicação do governo, a socióloga tem promovido ações para aproximar Lula de temas que estão em alta na internet. Na semana passada, ela convidou o ex-BBB Cezar Black para a cerimônia de assinatura do novo piso salarial de enfermagem. Janja também acompanhou o marido no encontro com o vocalista da banda Coldplay, Chris Martin. A primeira-dama fez questão de presentear a banda com a biografia do presidente.
No carnaval, a ordem foi de que as peças publicitárias passassem pelo aval de Janja antes de serem divulgadas. Na prática, a primeira-dama puxou para si uma função que seria da Secretaria de Comunicação Social, chefiada pelo ministro Paulo Pimenta.
Além disso, Janja tem acompanhado o presidente Lula em todas as suas viagens internacionais e, em algumas delas, tem cumprido agenda própria. Na China, por exemplo, encontrou Peng Liyuan, esposa do presidente Xi Jinping. Na viagem para os Estados Unidos, a primeira-dama virou meme depois de posar junto com o presidente Joe Biden, no salão oval da Casa Branca, ao lado de Lula.
Por Alice Cravo — Brasília