Passaram-se mais de doze anos, a vida tinha me dado um a surra, perdi algumas economias, fiquei desempregado, tive um câncer de próstata, fiquei liso e brocha, e quando comecei a recuperação geral volto a natal só que desta vez com a única pessoa que não notou que isso tudo que acabo de narrar tinha acontecido, e se notou, como é certeza, fez que não viu. Sim, é ela sim, a minha companheira da dor e da alegria, a velha LIA com quem devido há mais de cinquenta anos o que penso e o que sinto.
Pois bem, chegamos a natal, procuramos uma pousada humilde, eu sempre me lembrando dos CINCO ESTRELAS e das raparigas de outrora.
No outro dia fomos à praia de Ponta Negra. Que agradável coincidência, não é que aparece o velho poeta cantador de beira de praia, já trôpego, mas só das pernas porque a língua parecia mais afiada.
Gritei para chamar sua atenção, e quando se aproximou, PROCUREI identificar-me lembrando-lhe os versos passados que ele tinha feito a uma pessoa de ingá. Etc…
Apresentei minha esposa LIA que ele cismou de chamar LICA e quando LIA OU LICA ia a algum lugar ele se desmanchava em perguntar pelas putas e coisa e tal.
Indaguei pelo colega, o crente, no que ele respondeu,: aquela miséra morreu, não acreditava em imagem, foi dar um chute numa SANTA, a imagem tava eletrificada aí ele tomou dentro, já que ele andava pregando, morreu pregado.
Foi quando lhe contei da minha operação, que eu tinha ficado impotente, brocha mesmo, quase chorando fiz uma retrospectiva dos últimos anos. Ele abriu um sorriso largo e gritou pra quem quisesse ouvir em bom som CAPARAM VAVA DA LUZ PRA NUM MORRER PELA PICA. Isso da um mote e começou :
–
VAVA deu tanta trepada
Que a pimba ficou doente
Ficou banguela, sem dente,
Só chupa, não come nada.
Certa vez de madrugada
Na cidade Pacifica
Foi fazer amor com LICA
Fez que nem uma avestruz
CAPARAM VAVA DA LUZ
PRA NUM MORRER PELA PICA
E continuou
Caparam VAVA DA LUZ
Com faca bem afiada
Jogaram fora a cachada
Deram para os urubus
Certa noite todos nus
Numa suruba com LICA
Só suando é que ele fica
Que nem tampa de cuscuz
Caparam VAVA DE LUZ
Pra num morrer pela pica.
–
E haja a chegar gente e tome verso, sussurrei no seu ouvido é LIA, não LICA, foi quando ele parou um pouco,
Pensou, e disse: êta merda hoje véi de pimba mole não pode mais fazer nada, e prosseguiu:
VAVA DA LUZ não sabia
Por isso que trepou tanto
Fez da pimba um acalanto
Nas horas de agonia
Quase mata a velha LIA
De dia ou de madrugada
Tinha que ta preparada
Pra brincar de bole bole
HOJE véi de pimba mole
Não pode fazer mais nada
–
Ele lembra que rapaz
Dava quatro, cinco, seis
Dizia, mais uma vez
Só isso não satisfaz
Era um tal de quero mais
E as negas tudo melada
Dizia numa toada
Vai, VAVA DA LUZ, atole
Hoje véi de pimba mole
Não pode fazer mais nada.
–
Se VAVA DA LUZ pudesse
Tinha botado um jirau
Só pra levantar o pau
Nas horas que conviesse
Oh! Como isso lhe entristece
Vê essas negas peladas
Ele com a boca babada
Só os olhos é que se bole
Hoje véi de pimba mole
Não pode fazer mais nada
VAVADALUZ