A INFÂNCIA DO RICO E A DO POBRE
Vida de criança rica
Da nossa tem discrepância,
É o dia todo trancado
Não sabe o que é infância,
Cidade grande é um terror
Canteiro do desamor
E violência em abundância.
Criança pobre é sofrida
Muitos moram na favela,
Sua infância é condenada
Seu futuro não revela,
Vive no medo constante
No alvo de traficante
Preso como numa cela.
Criança rica não tem
Liberdade pra sair,
O pai tem medo de assalto
E de seu filho sumir,
Quando sai tem segurança
Pra proteger a criança
Pra ela se divertir.
Criança pobre quando sai
Sua mãe ta nem aí,
Sai descalço, sem camisa.
Atrás de se divertir,
Tudo que ver, lhe atrasa
E só ta de volta pra casa
Na hora que vai dormir.
Criança rica brincando
É tudo americanizado,
É vídeo-game na sala
Internet do seu lado,
Pokemon, computador
X-men e vingador
Playstation sofisticado.
Na brincadeira do pobre
É tudo mais envolvente,
Brinca de cair no poço
Cabra cega e peia quente,
Solta pião, faz açude.
Brinca de bola de gude
De doutor e de tenente.
Filho de rico anda a carro
Quatro portas, importado,
Tem motorista na beca
E celular do seu lado,
Tem até karaokê
No carro vidro fumê
E no ar condicionado.
Menino pobre só anda
De pé descalço na chã,
Não sabe o que é chinelo
E nem sapato de lã,
Pois quando anda de carro
É escorregando no barro
Num carrinho de rolimã.
E assim eles vão vivendo
Num contraste doentio,
O rico na sua gaiola
O pobre no seu covil,
Todos dois numa sinuca
Num quixó, numa arapuca.
Das leis brandas do Brasil.
Mas de certo são felizes
Cada um a sua maneira,
Tanto o rico como o pobre
Adora uma brincadeira,
Que cresçam com esperança
E que seu jeito criança
Lhe acompanhe a vida inteira.
Poeta cordelista
Rena Bezerra