Minha primeira cirurgia
Jamais havia feito qualquer cirurgia. O medo da anestesia sempre me perturbou, principalmente depois que assisti ao melhor filme já feito sobre julgamentos e tribunais; “O veredicto”, por sinal com um ator que minha mãe achava minha cara, Paul Newman. Não fosse aquela violenta febre que me atacou aos 10 anos, meus olhos ainda seriam azuis e meu cabelo continuaria liso e louro. Mas vamos ao que importa.
Finalmente os olhos cansaram. Aos 66 anos tudo era opaco, triplicado, reconhecia as pessoas nas caminhadas matinais pelo jeito como andavam, alguns pelas mesmas roupas usadas todos os dias e um em especial pelo, como direi… péssimo odor que exalava, originário das glândulas sudoríparas firmemente ativadas em suas axilas. Viram a curva que dei para evitar citar a sovaqueira do cidadão?
Meu assessor para assuntos aleatórios, Doutores Aluzimar (é assim mesmo, no plural, porque entende de tudo; de atracação de navio ao ciclo menstrual de borboletas; é um tudologo), me recomendou a Dra. Mariana Dália, que integra a maravilhosa equipe do Centro de Tratamento da Visão (CTV) ali na praça da Independência. Depois dos exames e constatadas as cataratas, agendei as duas cirurgias após ter feito o risco cirúrgico com o Dr. Valério, craque no triatlo e na medicina, com Doutorado na USP.
Esses procedimentos aumentavam meu medo à medida em que se aproximavam as datas das cirurgias. Na véspera encontrei com o anestesista, Dr. Walter Amorim. E finalmente me apresentei ao Dr. Gustavo Dália com a sensação de que estava entrando num duelo com a morte.
Tudo em vão.
Até agora não entendi como consegui gastar tanta preocupação. Deveria ter economizado. O experiente anestesista me entreteu com sua vontade de participar da próxima Baratona e quando notei já estava na cirurgia. Zero dor. O cirurgião dizendo o que estava fazendo e de repente me dando os parabéns porque tudo correra bem. Ora, ora…parabéns à equipe. Fantástica equipe.
Só dois senões; não consegui colocar uma lente verde no meu olho esquerdo e outra azul em meu olho direito. O segundo é mais prosaico. Com o conhecimento (não falei concordância) de mãe Leca eu avistava todos os dias uma bela mulher passar para a academia. Até que fiz a cirurgia.
Uma pena, a ex bela mulher perdeu um fã.