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CLUBE DE HISTORIAS EM : As minhas duas avós

As minhas duas avós
lvina tinha duas avós de quem gostava muito: a avó Vero e a avó Rose.
A avó Vero nasceu em Trinidad, nas Ilhas das Caraíbas, e a avó Rose nasceu
no Yorkshire, na cidade de Barnsley.
Agora vivem as duas na mesma cidade onde também moram Alvina e os pais.
A menina estava sempre desejosa de visitar as avós, pois adorava ouvir as histórias
que contavam sobre quando eram meninas.
— Conta-me outra vez o que fazias em Trinidad — pedia ela.
— Nunca te cansas de ouvir sempre as mesmas histórias, Alvina? — perguntava a
avó Vero.
— Nunca! — respondia a menina.
— Quando tinha a tua idade, íamos para a praia e chapinhávamos no mar tropical
— contava a avó Vero, com um grande sorriso na cara. — Nunca queríamos sair
daquela água quentinha.
— Como eu adorava fazer isso, avó Vero! — exclamava então Alvina.
— Bom, um dia, vou levar-te a Trinidad, minha querida – prometeu a avó Vero.
uando Alvina estava com a avó Rose, perguntava-lhe:
— Passavas o dia a nadar quando eras pequenina?
A
Q
— Não, querida! — ria-se a avó Rose. — O mar em Blackpool é muito frio. Mas
brincávamos na praia o dia todo e também andávamos num burrinho. Havemos de ir a
Blackpool um dia para experimentares.
— Oh, sim, por favor! — pedia então Alvina.
mbas as avós adoravam ouvir música e Alvina também. A avó Rose gostava de
bandas de música.
— Esta música recorda-me os tempos em que íamos ao parque, aos domingos, para
ouvir as bandas locais. No primeiro de maio,
costumávamos ir ver os grupos de danças folclóricas a
rodopiar à volta do mastro.
— Vamos tentar fazer o mesmo, avó Rose! —
sugeriu Alvina.
E caíam ambas cansadas e risonhas, depois de
tentarem imitar os gestos dos dançarinos populares.
A música preferida da avó Vero eram os
tambores de aço, típicos da sua terra.
— Era isto que se tocava em Trinidad —
explicava a avó Vero a Alvina. — Era um ritmo que dava vontade de dançar nas ruas, no
carnaval. Vamos, mexe a cintura enquanto danças.
— Assim, avó Vero?
— Isso mesmo, minha querida.
Um dia, as duas avós foram a casa da neta
tomar chá. A mãe de Alvina anunciou:
— No próximo mês, faremos dez anos de
casados.
— Porque não vão dar um passeio os dois?
Ficarei muito feliz por tomar conta da minha neta
— disse a avó Vero.
— Não, cuidarei eu dela. Pode vir para minha
casa — sugeriu a avó Rose.
As duas avós discutiram sobre quem cuidaria
de Alvina. Por fim a menina disse:
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— Porque não ficam ambas aqui e tomam as duas conta de mim?
As duas avós não se mostraram muito agradadas, mas concordaram com a neta.
hegou finalmente o dia em que os pais de Alvina iam viajar.
— Divirtam-se! — desejou Alvina aos pais, enquanto os abraçava.
— Vamos sentir a tua falta! — disse a mãe.
— Porta-te bem com as tuas avós! — disse o pai.
— Vou portar-me — prometeu a menina.
— Não se preocupem. Cuidarei bem dela! — prometeu a avó Vero.
— E eu também! — prometeu a avó Rose.
Depois de se despedirem dos pais, Alvina teve uma ideia:
— Vamos jogar um jogo!
Podemos jogar dominó, dizia uma avó.
Podemos jogar jogos de tabuleiros, dizia a outra.
Mas Alvina não sabia que jogo escolher. Por isso, perguntou:
— E se fôssemos dar um passeio?
Vamos ao parque. Podemos dar comida aos patos, dizia uma avó.
Podíamos ir ver os cutias e os tucanos, dizia a outra.
Alvina não sabia de novo o que escolher e, por isso, sugeriu:
— E se comêssemos alguma coisa primeiro?
Vou fazer uma empada de rim com puré de batata e cenoura, dizia uma avó.
Não, deixa-me cozinhar um arroz de ervilhas com frango e plátanos, dizia a outra.
Alvina não conseguia decidir que avó devia cozinhar.
Por isso, tiraram algo do congelador.
Antes da menina se deitar, as duas avós queriam ambas contar-lhe uma história.
— Que tal uma lenda africana? — sugeriu a avó Vero.
— Ou a história do João e do feijoeiro mágico? — sugeriu a avó Rose.
Alvina não sabia que história escolher e, por isso, só disse que estava muito
cansada para ouvir uma história e que preferia dormir.
C
Na manhã seguinte, a neta teve uma ideia mal se levantou.
Quando estava sentada com as duas avós à mesa do pequeno-almoço, disse:
— Avó Vero e avó Rose, como adoro as coisas que ambas fazem por mim, penso
que será boa ideia fazerem-nas à vez. A avó Vero pode fazer tudo aquilo de que gosto
num dia e a avó Rose pode fazer tudo aquilo de que gosto no outro!
E foi isso mesmo que aconteceu.
ogaram dominó, como a avó Vero fazia quando era criança. Depois, a avó
cozinhou arroz de ervilhas com frango e plátanos e fez pudim de manga para
sobremesa.
— Isto é muito bom, avó Vero! — exclamou radiante Alvina.
— Muito bom mesmo! —
confirmou a avó Rose — Tens de me
dar a receita.
Foram depois visitar os cutias e
os tucanos, animais que a avó Vero
tinha visto em pequena nas florestas
de Trinidad.
— Deve ter sido maravilhoso
ver estes animais no seu habitat
original — disse a avó Rose.
Nessa noite, a avó Vero contou
uma lenda africana.
— Sempre que se sentia encurralada, Anansi transformava-se numa aranha.
— Ou quando queria pregar uma partida — acrescentou Alvina, que se
entusiasmava sempre.
— Essa Anansi é muito astuta — comentou a avó Rose.
— É, pois — confirmou a neta, cheia de entusiasmo.
Alvina deu às duas avós um grande abraço e adormeceu rapidamente com um
sorriso nos lábios. As avós também sorriram.
o dia seguinte foi a vez da avó Rose.
Jogaram jogos de tabuleiro.
— Vou perder — disse a avó Rose.
— Não fiques triste, avó Rose. Ganhaste o último jogo! — consolou-a Alvina.
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Depois, foram ao parque e a menina deu de comer aos patos.
— Aquele patinho é guloso! Está a comer o pão todo! — riu-se.
— Vou dar-lhe algum pão também. Isto é divertido! — disse a avó Vero.
A avó Rose cozinhou empada de rim com puré de batata e cenoura, e fez tarte de
maçã para a sobremesa.
— Tens de me mostrar como se faz esta tarte, Rose — disse a avó Vero, deliciada.
Antes de irem dormir, a avó Rose contou a história do João e do feijoeiro mágico.
E assim as duas avós partilharam os dias da semana e ficaram a conhecer-se
melhor.
Quando os pais de Alvina voltaram da viagem, a menina estava muito feliz!
— Divertiste-te com as avós? — perguntou a mãe.
— Oh, sim! Divertimo-nos muito! Fizeram-me sentir muito especial.
— Isso é porque gostamos muito de ti! — disseram as duas avós, dando-lhe um
grande abraço.
Floella Benjamin
My two Grannies
London, Frances Lincoln, 2007
(Tradução e adaptação)