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    João abre as portas do Palácio (   Damião Ramos Cavalcanti)

          Numa aplaudida decisão de abrir o Palácio da Redenção à visitação pública, o governador João Azevêdo não só deseja aproximar o governo do cidadão, mas também demonstrar ao povo que aquela casa lhe pertence,
e assim, fazê-lo conhecedor da sua história, visitando também seus salões, salas, corredores e toda sua arquitetura, assim como conhece a sua casa. Até os próprios funcionários, que ali trabalham, deixarão de pensar que aquele espaço seja “minha sala”; tenha apenas “minha mesa”, “meu telefone”, ao verem passar ao lado o povo para o qual eles trabalham.
          O Palácio da Redenção teve sua construção iniciada 86 anos depois do descobrimento do Brasil, por iniciativa dos primeiros missionários jesuítas que chegaram à Paraíba, trazidos pelo convite de Martim Leitão. Faziam parte do conjunto construído: o convento da Companhia de Jesus, ordem então criada por Inácio de Loyola, da qual o atual Papa Francisco é membro; ainda uma capela e um colégio. A partir de 1771, o convento passou a ser “residência oficial dos capitães-mores” e também do então governador Jerônimo José de Mello e Castro, onde também se alojou o Ouvidor-geral José Eduardo de Carvalho, ganhando, desse modo, o destaque de ser sede do governo, de setores administrativos, até os dias de hoje. A capela, que foi chamada de Capela de São Gonçalo, passou a ser Igreja N. S. da Conceição, demolida em 1929, para se ampliar o prédio construído, dando-lhe espaçoso jardim, em acordo com o Arcebispo Dom Adauto que conseguiu, em troca, a Igreja N.S. da Conceição, hoje, perto do Cemitério Senhor da Boa Sentença. Já o Colégio dos Jesuítas se transformou em educandário, e enfim em escola de ensino superior, até hoje a conhecida Faculdade de Direito, mesmo tendo sido tal curso transferido pela UFPB para o atual Campus Universitário.
          Os missionários jesuítas davam aula de Letras, Latim, Grego e Filosofia, e nas horas vagas, catequizavam os indígenas que, sob a chefia do cacique Piragibe, habitavam nas proximidades da atual Ilha do Bispo. Essa afeição pelos índios também tornou os jesuítas mais antipatizados pelo Marquês de Pombal que, também por outros motivos, expulsou tais missionários, em 1593; eles retornaram em 1708 e foram novamente expulsos em 1771. Restou esse patrimônio da Igreja, e somente em 1773, o Papa Clemente XIV passou esses bens dos jesuítas ou da Igreja à Fazenda Real. Os jesuítas e outras ordens religiosas, como a dos franciscanos, foram ativos protagonistas da nossa História, que aconteceu no atual Palácio da Redenção e nos seus arredores. Ele foi tombado pelo Decreto nº 8.630, de 26 de agosto de 1980; os seus então jardins laterais, hoje, abrigam o Mausoléu do ex-presidente João Pessoa, tendo sofrido anteriormente drásticas reformas pelo então Governador Castro Pinto. Mas, não foi ele que arrancou os mosaicos, considerados nazistas, por terem desenho da suástica… Em nome do patrimônio, pergunto: onde estão tais mosaicos e a águia do prédio demolido do Jornal A União?
          Além da formosa  arquitetura de leve estilo barroco, o Palácio da Redenção possui antigos móveis, lindos lustres de cristal, duas galerias, e vários quadros, cujas telas poderão se somar a outras adquiridas pelo propósito de organizar, no seu recinto, uma rica pinacoteca; e quem sabe, do que se faria um pequeno Museu de Artes Plásticas, sem deixar de ser sempre o Palácio do Governo para, com a Assembleia Legislativa e o Palácio da Justiça, preservar a Praça João Pessoa como sendo a Praça dos Três Poderes. Nessa inciativa pioneira, o Governador João Azevêdo já nomeou uma Comissão para planejar o Projeto Palácio da Redenção de Portas Abertas aos visitantes paraibanos, aos turistas, e, de modo especial, às escolas que mostrarão à juventude do futuro, circunstâncias da vida política, transcorridas nesse histórico Palácio. Um palácio é sempre uma casa de acontecimentos…          

Damião Ramos Cavalcanti