O oásis
“Depressa, depressa!” grita Tarek.
Os homens correm
e correm as mulheres.
Correm as crianças
e correm os camelos.
“O sol vai pôr-se,
a noite vai vir,
e o deserto vai esconder-se.
Temos de chegar primeiro!”
E toda a tribo dos Homens de Negro se apressa.
“Depressa, depressa!” grita Habib.
Os homens correm
e correm as mulheres.
Correm as crianças
e correm os camelos.
“O sol vai pôr-se,
a noite vai vir,
e o deserto vai esconder-se.
Temos de chegar primeiro!”
E toda a tribo dos Homens de Azul se apressa.
Sempre houve primeiros e últimos.
Os Homens de Negro sempre chegaram primeiro
e os Homens de Azul sempre chegaram em último.
Quando a tribo de Habib chegava ao oásis,
a tribo de Tarek já lá se tinha instalado.
Os homens,
as mulheres,
e as crianças da tribo de Tarek
adormeciam, então, já sem sede e sem calor.
Os homens,
as mulheres,
e as crianças da tribo de Habib
tinham de esperar pelo dia seguinte,
pela partida dos Homens de Negro.
Naquela noite, porém,
nas dunas o vento sopra com força.
E os Homens de Negro quedam-se, imóveis,
enquanto os Homens de Azul avançam.
“Vamos, despachem-se!” grita Habib.
Uma vez no oásis,
homens, mulheres,
crianças e camelos,
precipitam-se para a água.
Mas Habib não avança.
É a primeira vez que chega primeiro,
mas isso não parece alegrá-lo.
Os homens,
as mulheres,
e as crianças da tribo de Habib
adormecem, então, já sem sede e sem calor,
debaixo das tendas que ergueram mais além.
Quando os Homens de Negro chegam, exaustos,
nada os impede de se aproximarem.
Como ninguém se instalou no oásis,
as bocas sedentas e os corpos doridos
não precisam de esperar pelo dia seguinte.
Azuis ou Negros,
homens, mulheres,
crianças e camelos
todos dormem em paz,
já sem sede e sem calor.
Junto da água, em silêncio,
Habib e Tarek bebem chá.
E a lua sorri.
–
Thierry Lenain
L’Oasis
Paris, Nathan Jeunesse, 2002
(Tradução e adaptação)