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Blog do Vavá da Luz

Novas empresas na Lava Jato podem elevar prejuízos, diz presidente da Petrobras

Graça Foster, presidente da petroleira, afirmou que novas empresas denunciadas mudam cenário das investigações e valores da companhia, que precisará reavaliar crescimento e focar em áreas estratégicas

Graça Foster, presidente da Petrobras, conversou com analistas sobre resultado da companhia
Agência Petrobras – 30.4.14

Graça Foster, presidente da Petrobras, conversou com analistas sobre resultado da companhia

A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse nesta quinta-feira (29) em teleconferênciasobre os resultados do balanço do terceiro trimestre com investidores que o impacto da corrupção no dia a dia da companhia pode ser ainda maior a medida que as investigações da Operação Lava Jato avancem. 

“Dependemos do andamento das investigações da Polícia Federal. Se tivermos mais depoimentos que levem ao surgimento de outras empresas envolvidas [além das 23 já investigadas] teremos de buscar esse número de R$ 188 bilhões [de grandes ativos da companhia]. Ele vai mudar. Esse número aqui não é firme. Depende dos dados das empresas que são investigadas pelo Ministério Público. Cresce o número de empresas [implicadas em processo], cresce esse número”, disse a presidente da estatal.

“A resposta não é trivial [para prejuízos originados pela corrupção] e depende da evolução dos processos na Polícia Federal”, disse Graça aos se referir ao valor citado no balanço como referente aos contratos firmados entre a estatal e empresas investigadas na Operação Lava-Jato.

Graça afirmou que 2015 não é um ano comum, quando questionada se as baixas contábeis poderiam causar impactos apenas neste ano ou se poderia se esperar que a crise da empresa – derivada do escândalo de corrupção deflagrado pela PF – se estenda para os próximos períodos. “Esse ano não é trivial. Fizemos a avaliação de 31 ativos, com as baixas de R$ 88,6 bilhões, segundo as 23 empresas citadas na lava jato. 

A executiva disse, no entanto, que esse cenário negativo não influencia operacionalmente nos negócios. “Nossa posição de caixa e capacidade de geração operacional não são afetadas pela corrupção e qualquer outro ponto de avaliação dos ativos. Somos uma empresa com total sinergia”, afirmou.

A Petrobras revê seu crescimento em 2015. “evitando contratar mais dívidas, para atender o que já contratamos. A exxploração vai ganhar mais espaço em 2016. Nossa marcha continuará sendo em 2016. Mas a essência é a revisão do crescimento da Petrobras nos próximos anos”, afirmou Graça Foster.

Ao ser questionada, sobre como acertar a metodologia para a elaboração do balanço auditado, a presidente da estatal reafirmou que esse não é um trabalho trivial e que demandará a integração com um conjunto de agentes. 

“Temos de ficar conversando com CVM e SEC [para chegar a forma adequada de prestar as informações]. Esse é um trabalho de várias mãos. Temos de convencer e atender as demandas dos órgãos reguladores, CVM e SEC, mas não é o trivial, por isso que não está pronto. Estamos trabalhando desesperadamente desde o dia que não divulgamos o balanço [em novembro de 2014], todo sábado, domingo, feriado.” 

Sobre como a executiva vê esse momento difícil da empresa, Graça contextualizou que as investigações devem se prolongar ainda de um a dois anos e que os prejuízos com a corrupção chegam a R$ 2,1 bilhões, segundo o Ministério Público Federal.

“Nossa reação é de enfrentamento [da corrupção]. Tenho conversado com os funcionários no geral, no dia a dia. É algo que marca a história da companhia, mas também engrandece nossas equipes para que a gente mantenha a companhia operando. 2014 foi o ano de recordes de produção. Nós vamos nos superar e nos tornar uma empresa muito mais forte.” 

A executiva afirmou que ao mesmo tempo que se estuda que metodologia usar para prestar as informações, vai se fazendo um outro trabalho de redefinir a Petrobras, “redefinindo o perfil da companhia”, disse.

Entenda o que o balanço da Petrobras não revelou

O principal destaque negativo veio das incertezas em relação ao critérios que deveriam ser empregados nas revisões dos ativos (impaiment) impossibilitaram a divulgação do documento auditado.

A Petrobras destacou que até chegou a aplicar duas metodologias distintas – uma considerando apenas os 3% de sobrepreço dos contratos, valor indicado como média de propina por operação pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, e outra considerando o valor justo dos ativos que estão envoltos nos contratos investigados. Na primeira opção não teria encontrado respaldo do auditor, nem consenso do Conselho de Administração (na segunda alternativa). A companhia ainda comenta que esta buscando uma alternativa que permita que as revisões sejam efetuadas em conformidade e atendendo às exigências dos órgãos reguladores das bolsas de valores brasileira e norte-americana (CVM e SEC, respectivamente).

Segundo o balanço, o ebitda ajustado recuou 10,4% (R$ 11,7 bilhões) e o lucro líquido caiu 9,1% (somando R$ 3,1 bilhões), na comparação com o terceiro trimestre de 2013. Os números foram afetados ainda pelo prejuízo de R$ 2,7 bilhões da descontinuidade dos projetos das refinarias Premium I e Premium II. A companhia não deu previsão para a divulgação dos balanços auditados do terceiro trimestre e do ano de 2014, mas informou expectativa de produção média superior em 4,5% ao registrado em 2014, investimentos entre US$ 31 e US$ 33 bilhões de dólares, além de estimativa de geração operacional de caixa entre US$ 28 e US$ 32 bilhões