Pular para o conteúdo

Blog do Vavá da Luz

LINGUAGEM QUE O POVO NÃO ENTENDE… ( MARCOS SOUTO MAIOR (*)

MARCOS

                               Todos os candidatos a cargos eletivos de 2014, pobres ou ricos, se esmeram em mandar editar e publicar na mídia e redes sociais suas melindrosas propostas de campanha eleitoral, para demonstrar o que desejam fazer, se eleitos forem em 5 de outubro de 2014 ou, no segundo turno, em 26 de outubro do mesmo ano. É uma forma de exposição pública milenar, atualmente enveredando pelos caminhos do marketing político perdido no aumento de cada vez que o IBGE atualiza a população brasileira. Bem agora registrou aumento populacional para 203.070.700, ao tempo em que escrevera a minha crônica semanal, e, a cada segundo, o crescimento de bebês aparece!

                               De uma reconhecida área continental, o Brasil tem diversidade que complica as linguagens naturais das regiões, a exemplo das falas nordestina, gaúcha e carioca, que fazem questão de acentuar os respectivos sotaques. Pois bem, inimaginável que as promessas de campanhas políticas cheguem claras e de fácil entendimento eleitoreiro a cada canto do país. Para muitos conterrâneos, a conversa entra por um ouvido e sai por outro, para terminarem votando sem saber o que dizer sobre a índole do cara, pois o mais importante é apenas ver o que tem para dar, numa carestia que suga até as moedas.   

                               O horário eleitoral gratuito, principalmente na televisão, verdadeiramente nunca foi grátis porque só edita quem tem dinheiro para alugar equipamentos muito caros e os técnicos, escolhidos a dedos, são careiros. A incansável luta para remoçar e embelezar as imagens é desde a repaginação da cara ajudada pelo possante Photoshop, só faltando mesmo deixarem os candidatos a engatinharem, feito nenéns pelo meio das calçadas… A um caboclo velho, da fazenda de Itabaiana da minha sogra Iná, perguntei sobre a campanha geral do 5 de outubro deste ano, disse: ‘Seu dotô, primeiro eu devo favô a dona Iná e, segundo eu num intendo o que esse povo fala na TV. Agora a gente qué saber mêrmo o que vai fazer pela seca nordestina que não dá sustança.’  E complementou o vaqueiro durão, Ricardo: ‘Ôxente, tem um cabra daqui que fala tão enrolado que fico sem saber o que disse!’ E finalizou: ‘Nós quer é que tenha água nas torneiras, pro mode sustentar o gado e a plantação. Também baxando o preço das coisas que tá subindo toda semana, e ninguém aguenta mais.” Falou e disse com senso fixo e bem atual.

                               Tinha uma rádio AM, que divulgava um programa matinal de música, notícias e alguns poucos comentários, e a região toda ouvia antes de ir ao trabalho. Certo dia, com a campanha eleitoral queimando em todo recantos, o locutor Naziazeno conversava comigo, no canto da parede e, me perguntava baixinho, o que era “sofisticado”. Dei uma boa risada e respondi logo: linguagem sofisticada, nem o povo entende, nem gosta desses políticos mentirosos e corruptos.  

 

                                                                                                (*) Advogado e desembargador aposentado