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Blog do Vavá da Luz

Demitindo o Deputado (por Marcos Pires)

 
 Acho que em consequência desse “amor infinito” que nutro pelos políticos corruptos, fui convidado para uma reunião onde alguns militantes das redes sociais pretendiam fundar uma associação nacional destinada a modificar o sistema político brasileiro. Como cheguei depois do horário, imaginei que nem teria onde sentar, porque o local deveria estar apinhado de revolucionários.

        Qual o quê! Eram 4 cidadãos dotados da maior boa vontade, recheados de patriotismo e absolutamente desligados da nossa realidade. Um deles, com uma camiseta onde aparecia o rosto de Che Guevara usando orelhas de Mickey Mouse estava propondo a ideia geral do movimento; nada mais, nada menos, do que demitir os políticos que não correspondessem às expectativas dos eleitores.

          Ele explicou que a demissão era a única figura jurídica que se aplicava porque para um político ter seu mandato cassado, sempre dependerá do Judiciário, e no caso, além de demorado, esse processo não permite que os eleitores tenham qualquer participação.

         Funcionaria assim; através de uma reforma constitucional, o voto que é secreto poderia opcionalmente ser identificado pelos eleitores que assim o desejassem. Ou seja, o eleitor optaria na hora de votar pelo sigilo do seu voto ou pela identificação do mesmo. Depois de votar, se tivesse optado pelo voto aberto, o eleitor receberia um papel onde ele estaria identificado, bem como todos os candidatos nos quais votara.

         Isso serviria a dois propósitos; o primeiro deles era confirmar se aquela urna fora fraudada, porque haveria como provar que o voto dado a seus candidatos não aparecera no resultado oficial, acabando de vez com aquela desculpa de que o eleitor se confundira na hora de votar.

         O segundo e principal propósito seria o de permitir que quando a maioria dos eleitores que votaram em determinado candidato não concordassem mais com seus encaminhamentos políticos, simplesmente juntariam a prova de que votaram nele e o demitiriam do mandato, “que afinal é nosso, sendo ele somente nosso representante”, disse o rapaz.

        E por aí foi a conversa até que me perguntaram o que achava. “- Eu acho é graça, porque no dia que vocês conseguirem convencer os Deputados e Senadores a votarem algo contra seus interesses, como é o caso desse projeto, vai estar bem pertinho do Sargento Garcia prender o Zorro”.

        Fui expulso do recinto. 
Att,

Pires Bezerra Advocacia

1 comentário em “Demitindo o Deputado (por Marcos Pires)”

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