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Blog do Vavá da Luz

CRIATURAS QUE VÃO PARA O PARAÍSO! (MARCOS SOUTO MAIOR (*)

 

                Enquanto vivos, temos a tênue preocupação de saber o que poderia acontecer após a morte da matéria. Sim, porque os livros religiosos bem que expressam haver um lugar de refrigério onde as almas de pureza seriam recebidas e avaliadas para, depois, ingressarem em outro estágio sublime e final, denominado, pela maioria, de céu! Aos que ficam de luto são pedidos todos os tipos de intercessão, ainda no post mortem, valendo para qualquer manifestação religiosa, mediante orações silenciosas ou sessões estridentes, rituais litúrgicos conhecidos pelos cristãos e praticados em Igrejas, ou cerimônias pagãs iluminadas pelo fogo, por vezes realizadas em recintos secretos, sem prejuízo das várias práticas ritualísticas, orais e corporais, que são estabelecidas em todo espaço da terra.   

                Há alguns meses, a imprensa mundial noticiou que o destemido Papa Francisco, em aparição pública na Praça de São Pedro, no Vaticano, soube da morte de um cãozinho cujo dono era um menino que, naturalmente, muito chorou pela perda do fiel amigo e companheiro! A enigmática consolação pastoral balançou assim dizendo: “o paraíso está aberto a todas as criaturas do senhor.” Restou, a atenção de prós e contras e, ainda, o discurso de posicionamento intermediário, a exemplo do professor Charles Camosy, da Fordham University optando por um novo debate sobre a alma dos animais. Isto porque, na contra mão da modernidade, a Igreja Católica, do Papa Pio IX, afirmou, com o apoio do catolicismo materializado no entendimento doutrinário defendido pela Igreja de 1846 a 1878, que cachorros e animais não teriam consciência e, passando por João Paulo II, proclamou publicamente “que animais estão próximo de Deus quanto os homens.” A polêmica acerca da vida após a morte dos animais ganhou nova e mundial força, inclusive nas folhas do jornal americano New York Times, que registrou que a palavra do chefe da Igreja Católica foi suficiente para gerar o debate inteligente com os defensores dos direitos dos animais e teólogos de todo o mundo.

                À sombra de São Francisco de Assis, assumido defensor dos animais, que era a faceta mais conhecida deste santo, me deparo com a proximidade da natureza e com a existência de um amor universalista que abrange toda a Criação e simboliza o retorno a um estado de inocência, como Adão e Eva ainda no Jardim do Éden. Meus dois cachorrinhos, Joca e Larissa, sempre estão ao meu redor, desde o chegar em minha casa e do adormecer ao dia seguinte, todos envolvidos em sentimentos da mais pura demonstração de carinho, companheirismo, fidelidade e segurança. Para eles, quando, um dia, forem ao céu, nem precisarão de intercessões dos pósteros, porque São Francisco e o Papa Francisco, velarão pelos amigos de verdade!

                O bater do coração é o sinal de vida para toda e qualquer criatura! E sendo assim, homens e animais se reencontrarão na eternidade gloriosa de Cristo, em um novo céu, sem segregação, pois, tal disse o nosso Papa argentino: “não é uma aniquilação do universo e de tudo o que nos rodeia, mas é trazer tudo para sua plenitude de ser, verdade, beleza”.  Uma vez as almas libertas e redimidas do cativeiro da corrupção, passarão a existir em comunhão em um mundo renovado e livre dos males que hoje as atormentam.

Certo de que o Paraíso está sempre aberto a todas as criaturas de Deus, faço minha a contundente frase de Arthur Schopenhauer: “a compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem.”       

(*) Advogado e desembargador aposentado